
Sinal de contradição
30 de Janeiro de 2020
Barómetro de vitalidade
1 de Fevereiro de 2020APRESENTAÇÃO DO SENHOR
Quarenta dias depois do nascimento do primeiro filho, a lei judaica prescrevia que os pais o apresentassem no Templo de Jerusalém para o oferecer ao Senhor, e também para o ritual de purificação da mãe. Assim fizeram José e Maria com Jesus, o seu primogénito. É uma das festas mais antigas do cristianismo. Ainda hoje é conhecida como a Festa da Luz ou da Candelária, em versão mariana como Senhora da Luz ou das Candeias. Na última reforma litúrgica, passou a designar-se como a Apresentação do Senhor.
A luz da fé e do amor
A bênção das velas é tradição deste dia. Neste gesto podemos evocar a luz da fé que nos guia pelo caminho da vida, em harmonia com os outros, nossos irmãos, pois também eles caminham iluminados por Jesus Cristo.
Somos chamados a caminhar à luz da fé, a luz batismal que há de permanecer sempre acesa em nossos corações, não só quando estamos na igreja, mas também na vida quotidiana. Será ela, na hora da nossa morte, a iluminar a realidade, sem filtros, a mostrar-nos o sentido da vida.
A fé é tão grande dom que nos permite perceber o significado das coisas, a bondade das pessoas, a grandeza do caminho, a beleza da meta. Por isso, é também a luz do amor, a que dá qualidade aos nossos atos de bondade, a que nos desafia a viver o mandamento do amor, a não evitar mas a amar os outros, até os inimigos, como nos ensina Jesus Cristo.
Deixemos que esta luz nos acompanhe em todos os momentos, desenvolva em nós o discernimento quotidiano, pessoal e comunitário, seja capaz de iluminar o amor para com os que estão connosco e todas as pessoas com quem convivemos, no dia a dia, conhecidos ou desconhecidos. Esta é a luz que nos ajuda a vencer ‘a arte de evitar pessoas’. É luminosidade que sabe perdoar a todos, pois brota de Deus e torna-se em nós luz de fé e de amor.
Sinal de contradição
A festa da Apresentação do Senhor coloca diante de nós, não apenas o Menino — «crescia e tornava-Se robusto, enchendo-Se de sabedoria. E a graça de Deus estava com Ele» — mas também o Cristo, o Senhor, ao antecipar o que vai acontecer: a vida doada na cruz pelo próprio Jesus Cristo.
As palavras de Simeão apontam esse mistério da morte e ressurreição, o evento decisivo da missão de Jesus Cristo, e também da história da humanidade colocada diante da proposta de salvação.
Simeão refere-se a Jesus como «sinal de contradição». Nós acolhemo-lo na cruz que se tornou no sinal visível da fé e do batismo. Por isso, traçamos sobre nós o sinal da cruz. O que seria o fracasso final é para nós a vitória do amor.
Todos sabemos que não há amor sem sacrifício. Essa é a diferença entre o amor real e o ilusório. Jesus Cristo não vai ‘evitar’ a dor. Foi fiel à sua missão.
Qual é a tua cruz? Aquela pessoa que mais te custa acolher? Tens oportunidade para ‘treinar’ os teus limites. Acolher ou evitar, o que é que ensina o Mestre? Se venceres a ‘contradição’, essa mágoa que trazes dentro do peito, talvez comeces a vislumbrar um feixe de ‘luz’ cada vez mais intenso e duradouro. É o amor em ação!