Pela vida do mundo
5 de Agosto de 2021Décimo Nono Domingo, Ano B
7 de Agosto de 2021DÉCIMO NONO DOMINGO, ANO B
Jesus Cristo revela-se, de novo, como «pão da vida [...], o pão vivo que desceu do Céu». Ele anuncia o dom da sua ‘carne’ para nos dar a vida eterna, para nossa salvação: «O pão que Eu hei de dar é a minha carne, que Eu darei pela vida do mundo».
‘Pela vida do mundo’
O ‘episódio’ deste domingo pode ser resumido em três pontos: todos somos instruídos por Deus, de acordo com a tradição profética; os que acreditam em Jesus Cristo, os que dele se alimentam, recebem a vida eterna; o pão é a sua carne por ele oferecida pela vida do mundo.
O alimento eucarístico, «pão vivo que desceu do Céu», sustenta a vida pessoal e a vida da Igreja, que se faz presente em cada comunidade paroquial. «A Igreja vive da Eucaristia», afirmou João Paulo II, é «o seu alimento espiritual, é o que de mais precioso pode ter a Igreja no seu caminho ao longo da história». Quem acredita em Jesus Cristo e dele se alimenta é habitado por Deus, está mergulhado na vida divina, também se diz a vida espiritual.
Acreditar em Jesus Cristo é adquirir um novo olhar que permite perceber a presença de Deus, em nós e nos outros, em especial nos pobres e em todas as periferias da sociedade.
Jesus Cristo, na eucaristia, torna-se presente nas espécies do pão e do vinho. Sem deixar de estar sempre presente no pobre e no indigente, no desempregado e no estrangeiro, no doente e no recluso, no explorado e no sem abrigo, em todos os descartados deste mundo.
A eucaristia atualiza a entrega de Jesus Cristo «pela vida do mundo». Bento XVI, na Exortação Apostólica sobre a eucaristia fonte e ápice da vida e da missão da Igreja (número 88), implica-nos no testemunho da compaixão. Assim nasce «o serviço da caridade para com o próximo, que ‘consiste precisamente no facto de eu amar, em Deus e com Deus, a pessoa que não me agrada ou que nem conheço sequer. […] Aprendo a ver aquela pessoa já não somente com os meus olhos e sentimentos, mas segundo a perspetiva de Jesus Cristo’».
Quem acredita em Jesus Cristo e dele se alimenta é convidado a também «fazer-se ‘pão repartido’ para os outros e, consequentemente, a empenhar-se por um mundo mais justo e fraterno. […] A vocação de cada um de nós consiste em ser, unido a Jesus, pão repartido para a vida do mundo».
Sacramento da caridade
Jesus Cristo revela-se como o pão da vida eterna a partir da fome corporal e do pão da vida quotidiana. Hoje, a eucaristia é o grande alimento da nossa vida interior, que nos leva a convertermo-nos, do mesmo modo, em alimento para os outros, «pela vida do mundo».
Não se trata apenas de saciar a fome corporal, mas, e sobretudo, a fome de Deus. É o registo da fé, da relação com Deus, que nos move a participar na missa dominical. E, da mesa eucarística, há de surgir a prática da caridade fraterna, fonte de esperança e salvação.
A eucaristia exige que os crentes, à semelhança de Deus, a traduzam em iniciativas que se encarreguem de toda a espécie de pobreza. Não é possível compreender o sentido profundo da eucaristia sem o compromisso da caridade.