
Uma vez por todo o ano
25 de Janeiro de 2020
Sinal de contradição
30 de Janeiro de 2020Apraz recordar, a este propósito, o discurso do Papa Francisco à Cúria Romana, na apresentação de votos natalícios. Da amplitude do discurso, tomamos para reflexão a pertinência da conversão, o dinamismo da memória e a preferência pelos processos. A renovação convida a «deixar-se questionar pelos desafios do tempo presente» e a «ler os sinais dos tempos com os olhos da fé».
RENOVAÇÃO
O receio de falhar e o de ser bem sucedido, dizem os psicólogos, estão entre as primeiras barreiras contra a eficácia de qualquer processo pessoal ou comunitário de renovação.
Esta temática vai presidir, por estes dias (cf. Diário do Minho de 23 de janeiro de 2020), à jornada de formação do clero da diocese de Viana do Castelo: a renovação espiritual do presbítero; o plano de Renovação Inadiável desenvolvido pelo Laboratório da fé; a proposta de ‘Renovação Divina’.
Apraz recordar, a este propósito, o discurso do Papa Francisco à Cúria Romana, na apresentação de votos natalícios (a 21 de dezembro de 2019).
Sustentado na vida e obra do cardeal John Henry Newman, o Papa pôs em destaque a mudança como constitutiva da pessoa e do mundo.
Da amplitude do discurso, tomamos para reflexão a pertinência da conversão, o dinamismo da memória e a preferência pelos processos.
Em primeiro lugar, urge acolher a conversão como estado permanente da nossa existência terrena, seja em termos pessoais ou coletivos. Célebre a expressão no ensaio O desenvolvimento da doutrina cristã: «Aqui, na terra, viver é mudar; e a perfeição é o resultado de muitas transformações».
Sempre a caminho, em peregrinação, não só em termos biológicos (a idade avança dia após dia), mas também do ponto de vista espiritual (a contínua transformação interior).
A nossa experiência, tal como acontece nas várias etapas do povo bíblico, demonstra os constantes começos e recomeços. Aprendamos a «descobrir o movimento do coração que, paradoxalmente, tem necessidade de partir para poder permanecer, de mudar para poder ser fiel».
A fidelidade é precisamente a força propulsora da memória. A Renovação Inadiável não tem a presunção de «proceder como se nada tivesse existido antes»; pelo contrário, procura a fecundidade que está latente na «vitalidade dum percurso em desenvolvimento contínuo».
A memória e a tradição não são estáticas, mas dinâmicas. O segredo está em «iniciar processos e não ocupar espaços». A diferença é que o tempo começa os processos, enquanto o espaço os cristaliza.
A renovação convida a «deixar-se questionar pelos desafios do tempo presente» e a «ler os sinais dos tempos com os olhos da fé».