
Filhos amados do Pai
4 de Novembro de 2023
Um AMOR a descobrir
25 de Novembro de 2023TRIGÉSIMO TERCEIRO DOMINGO, ANO A
Aproxima-se o final do ano litúrgico, tempo propício para uma reflexão mais profunda sobre o nosso crescimento como discípulos de Jesus Cristo, sobre o que temos feito com os talentos que nos foram confiados por Deus.
“Entra na alegria do teu senhor”
Continuamos no vigésimo quinto capítulo do evangelho segundo Mateus, nova parábola que nos coloca perante as questões fundamentais da vida, o modo como nos preparamos para o encontro com Deus: aquele ocasional, que pode acontecer na vivência do dia a dia; aquele definitivo, que vai acontecer no final da nossa existência terrena.
O amor de Deus impele-nos a arriscar, a sair da nossa zona de conforto, dispostos a pôr a render todas as nossas capacidades. Os talentos configuram-se, em simultâneo, como dom e tarefa: são dons de Deus, que podemos acolher com docilidade e com gratidão; são a nossa tarefa quotidiana de os fazer frutificar, pois os dons não podem ser desprezados ou desperdiçados, precisam sim de vigilância ativa e comprometida.
Atentos à parábola, percebemos que Deus não é um tirano intransigente, que quer recuperar em dobro os talentos que nos deu. Aos servos que lhe entregam o dobro dos talentos recebidos, dá-lhes ainda mais. Assim é o amor de Deus por nós. Deus exulta ao ver que os seus filhos respondem agradecidos ao amor com empenho e dedicação.
O objetivo final é viver em plena comunhão com Deus: «entra na alegria do teu senhor». Tamanha alegria começa a ser saboreada, em cada dia, sempre que damos o nosso contributo para a construção de uma fraternidade universal.
O rosto do pobre
Santo Ireneu de Lião associa os talentos dados pelo senhor da parábola à vida que recebemos de Deus. Do mesmo modo, podemos relacionar os talentos ao amor de Deus por cada ser humano. Talento é a vida, com as oportunidades que emergem como dom para os outros. Talento é o amor de Deus, o amor que coloca nos nossos corações, a fim de ser comunicado com palavras e gestos cheios de alegria e de entusiasmo.
Deus quer-nos ativos e responsáveis, ousados e criativos. Deus todo-amoroso quer-nos amorosos e felizes, que não fiquemos paralisados pela preguiça ou pelo medo causado pelas imagens distorcidas que temos de Deus ou pela dificuldade em reconhecer a beleza interior que nos habita como dom, a beleza escondida da capacidade de amar.
Há um AMOR a descobrir em cada pessoa, de modo especial nos pobres, nos quais podemos reconhecer o rosto de Deus. «Somos chamados a descobrir Cristo neles: não só a emprestar-lhes a nossa voz nas suas causas, mas também a ser seus amigos, a escutá-los, a compreendê-los e a acolher a misteriosa sabedoria que Deus nos quer comunicar através deles» (Papa Francisco).
O ser humano é um dom, cada rosto é imagem de Deus. «Os dons que eu recebi não são apenas os dotes intelectuais, de coração, de caráter ou as minhas capacidades. Cada pessoa que encontro é um dom do céu e um talento que me é oferecido. Então, podemos dizer a cada um: tu és um talento para mim, e eu acolho-te como dom!» (Ermes Ronchi).