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CORAÇÃO DE JESUS
Há imagens que nos acompanham ao longo da vida, mesmo quando não lhes damos grande atenção. O Coração de Jesus, aberto e vulnerável, é uma dessas imagens. Não é apenas um símbolo antigo ou uma devoção do passado. É, acima de tudo, um convite a olhar para Deus de uma forma nova: não como alguém distante, mas como alguém que sente connosco, que conhece as nossas dores e alegrias.
O evangelho segundo João (19,34) relata um momento marcante: «um dos soldados trespassou-lhe o lado com uma lança; e saiu imediatamente sangue e água». Nesta «fonte aberta», como lhe chamou o Papa Francisco, reconhecemos a entrega total, a certeza de que, mesmo na morte, o Coração de Cristo continua a dar vida, a saciar a sede mais profunda do nosso coração.
Falar do «Coração de Jesus» pode parecer estranho, talvez até fora de moda. As palavras e imagens usadas no passado, por vezes demasiado sentimentalistas, as devoções decalcadas de outros tempos sem a devida atualização, contribuíram para afastar muitas pessoas desta tradição espiritual tão característica do mês de junho. Mas, se pararmos um pouco, percebemos que o Coração de Jesus é, na verdade, um apelo muito simples: amar sem reservas, permitir que o amor seja uma evidência, algo que brota naturalmente de quem se sente amado.
Francisco recomendou que esta devoção não seja uma prática privada ou sentimental, mas fonte de renovação pessoal e comunitária, com profundas implicações sociais. Somos desafiados a permanecer vulneráveis diante dos outros e a abrirmo-nos aos seus sofrimentos. O problema é que o Instagram não tolera cicatrizes, o LinkedIn exige currículos sem falhas, e até as nossas conversas correm o risco de se tornarem falsos aconselhamentos de bem-estar e de sucesso.
O Coração de Jesus mostra-me um caminho mais realista e fecundo: as feridas podem ser transformadas em fonte de vida; podem ser o lugar onde Deus me encontra; podem abrir-me aos que me rodeiam. Abre-me ao amor que Deus quer derramar em mim, mas também me quer abrir aos outros. Parafraseando o Papa Francisco: o mundo pode mudar a partir do meu coração.