
Nunca sozinhos (II)
15 de Maio de 2020
Sexto Domingo da Páscoa, Ano A
16 de Maio de 2020O Espírito Santo não atua de forma automática ou mágica. Atua sempre connosco e nunca sem nós. Não se pode confundir a ação do Espírito Santo com a espontaneidade e a improvisação. A sua ação está ligada ao nosso esforço e dedicação. Atua, mas através da procura, do empenho, da sensibilidade e da inteligência humana.
ESPÍRITO SANTO
Na escolha de Matias, para substituir Judas Iscariotes no grupo dos Doze, conta o livro dos Atos dos Apóstolos (1,15-26), os cristãos fizeram uma oração e tiraram à sorte de entre dois previamente eleitos: José e Matias. Não é legítimo concluir, com este episódio, que é através de um jogo de sorte ou azar que atua o Espírito Santo.
Nos assuntos que dizem respeito ao ser humano, o Espírito Santo atua sempre connosco e nunca sem nós. Assim foi na eleição de Matias.
Não se tratou de um sorteio puro, mas muito condicionado. Os candidatos precisavam de cumprir determinadas condições (a mais importante era ter convivido com o Senhor Jesus) e, entre os que cumpriam essas condições, a assembleia designou dois. O sorteio fez-se entre os dois que tinham passado o crivo da eleição.
Alguma vez já ouvimos da boca de alguns pregadores ou catequistas: «Não tive tempo de preparar (a homilia ou a catequese), confio na inspiração do Espírito Santo». Ou, então, um estudante, na véspera do exame, sem ter feito a sua parte, invocar a intervenção divina. A quem não se prepara, o mais provável é que também lhe falte a inspiração do Espírito Santo.
Não se pode confundir a ação do Espírito Santo com a espontaneidade e a improvisação. A sua ação está ligada ao nosso esforço e dedicação. Atua, mas através da procura, do empenho, da sensibilidade e da inteligência humana.
A inspiração divina não dispensa o Papa e os bispos, os presbíteros e os diáconos, os catequistas e os evangelizadores, do esforço da preparação, do estudo e da boa informação, do recurso aos meios mais adequados para transmitir a mensagem.
A linguagem é o órgão do ser interior. Então, o ser interior fica condicionado ao tornar-se linguagem. A ideia está limitada pela palavra.
O Espírito Santo, do mesmo modo, não atua de forma automática ou mágica, mas através da vontade, da razão e da experiência daqueles que possuem a autoridade na Igreja ou dos impulsos daqueles que queremos seguir.
Importa ter consciência das próprias limitações e preconceitos e fazer tudo para discernir a vontade de Deus, usar todos os recursos, em vez de se sentir dispensado da preparação, dando por suposta uma ‘sorte’ pela ação do Espírito Santo.