
E se as tuas feridas fossem fonte de vida?
21 de Junho de 2025
Creio na Igreja
28 de Junho de 2025A Igreja é o lugar onde floresce a santidade divina, onde a unidade se faz comunhão, onde a catolicidade se faz plenitude, onde a apostolicidade se faz missão
CREIO NA IGREJA
Quando pronunciamos o Credo, algo maior se desenha do que uma simples lista de afirmações. As palavras «Creio no Espírito Santo» entrelaçam-se com «Creio na Igreja un, santa, católica e apostólica». São como um fio de ouro que ligam o sopro divino ao pulsar do povo de Deus. O Espírito Santo não é um adorno, nem um suplemento espiritual: é a seiva, a respiração, o coração, o centro da vida eclesial.
A Igreja, dizem-nos, é obra do Espírito Santo. O que significa isto, para lá das palavras? Talvez seja como um pedaço de pão colocado sobre as águas: desfaz-se e torna-se alimento para muitos. A Igreja é convocação, assembleia, mas é sobretudo comunhão, não uma comunhão perfeita, mas comunhão de peregrinos em caminho, feita de encontros e desencontros, de Babel e de Pentecostes. O Espírito Santo é o laço invisível, a linguagem nova que nos permite, apesar das diferenças, reconhecer-nos irmãos.
O Espírito não apaga as diferenças, mas faz delas um mosaico. A unidade não é uniformidade, é harmonia. A realidade, porém, mostra-nos que a unidade é dom e tarefa: recebemo-la, mas também a construímos, dia após dia, gesto após gesto. O Espírito Santo sopra onde quer, mas pede-nos que abramos as janelas.
Uma outra palavra, no Credo, torna-se quase invisível de tão familiar: «católica». No seu sentido original, remete para a totalidade. Não é só uma questão de geografia ou de números, mas de amplitude de coração, de horizonte aberto. Ser católico é recusar a tentação de escolher só as partes da fé que nos agradam, como quem faz compras num mercado; é comprometer-se com a totalidade, com a universalidade, com o diálogo e a comunhão que não deixam ninguém de fora.
Tomemos estas formulações de fé como um convite, um apelo a não ficarmos pela superfície das palavras, mas a deixarmo-nos transformar por elas. A Igreja é o lugar onde floresce a santidade divina, onde a unidade se faz comunhão, onde a catolicidade se faz plenitude, onde a apostolicidade se faz missão. E cada um de nós é chamado a ser, no seu pequeno mundo, sinal desta Igreja viva e aberta a todos, jardim onde o Espírito Santo encontra espaço para crescer e florescer.