
Quem é Jesus Cristo para ti?
26 de Agosto de 2023
Reconhecer os conflitos
8 de Setembro de 2023VIGÉSIMO SEGUNDO DOMINGO, ANO A
Hoje, Jesus Cristo recorda-nos que o itinerário para o seguir passa pelo caminho da cruz, o mesmo que ele aceitou percorrer, em fidelidade à sua identidade e missão. É o único meio para alcançar a salvação, para alcançar a vida plena.
“Aquele que perder a sua vida por causa de mim há de encontrá-la”
A passagem do evangelho deste Vigésimo Segundo Domingo (Ano A) destaca a renúncia como possibilidade de sentido para a vida. A dinâmica é paradoxal: o discípulo, à semelhança do Mestre, é chamado a perder uma determinada forma de viver para encontrar a plenitude da vida. Jesus Cristo é categórico: «Aquele que perder a sua vida por causa de mim há de encontrá-la».
O início do texto dá o mote para a proposta que vai ser lançada aos discípulos, ao anunciar o que está prestes a acontecer com o Mestre: vai sofrer muito e ser morto, para depois ressuscitar e viver para sempre.
Não, Pedro não aceita tal coisa. É contra os seus sonhos e as suas esperanças. O mesmo Pedro, aquele que, no episódio anterior, tinha proclamado aquilo que é o mais específico da identidade do Mestre: «Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo». Como é possível que, em tão pouco tempo, seja capaz do melhor e do pior?!
O sofrimento e a morte continuam a ser «motivo de escândalo», segundo a redutora perspetiva humana corroborada por Pedro. É, de facto, um motivo de escândalo, é inadmissível que a renúncia e o sofrimento, ainda pior a morte, possam ser experiências vitais que nos conduzem à felicidade e ao perfeito sentido da vida.
O Mestre, porém, insiste em renegar-se a si mesmo, tomar a cruz, perder a vida. Somos advertidos contra uma procura de salvação que nos distrai do essencial porque alcança exatamente o oposto do esperado. É o tal paradoxo cristão: perder para ganhar.
Seguir Jesus, o Cristo
Jesus Cristo não é um resignado face às circunstâncias adversas. Também não aponta a procura do sofrimento, como se fosse uma mais valia antecipada para uma vida plena. O que propõe é a total fidelidade à nossa identidade de discípulos. O Mestre sugere-nos uma mudança de ponto de vista, a fim de arriscarmos fazer como ele, sem abdicar do amor incondicional e universal. Perder a vida ou tomar a cruz é o preço do amor.
É verdade que, como Pedro, também nós precisamos de uma profunda conversão. Não podemos confessar «o Cristo, o Filho de Deus vivo» e ignorarmos a possibilidade da renúncia e da cruz. Este é um dos motivos pelo quais precisamos de voltar a Jesus, voltar juntos a Jesus, o Cristo, «sem fugirmos diante das dificuldades que podemos experimentar», como apontamos desde o princípio desta ‘série’.
Seguir Jesus, o Cristo, implica a nossa identificação com «o projeto do Reino de Deus, que constitui a paixão que animou a sua vida inteira: fazer um mundo mais justo, mais digno e mais ditoso para todos, começando pelos últimos. […] Esta paixão por um mundo mais humano, tal como Deus o quer, vai marcando lentamente o nosso estilo de vida tanto na sociedade como no interior da Igreja» (José Antonio Pagola).