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Há perguntas que não procuram informação, mas transformação. Hoje, Jesus Cristo faz-nos uma dessas perguntas: «E vós, quem dizeis que Eu sou?». Deixemo-nos habitar pela pergunta, antes mesmo de lembrar a resposta do catecismo.
“És o Messias de Deus”
É habitual dizer-se que, nos momentos importantes, Jesus se retirava em oração. Luciano Manicardi observa: «não é que nos momentos decisivos da sua vida Jesus reze, mas é a oração de Jesus que torna decisivos os momentos […]. Jesus habita o tempo também com a oração e isso habilita-o a realizar escolhas guiadas pelo discernimento da vontade de Deus». Assim percebemos como a oração pode ligar o nosso quotidiano com o tempo de Deus e fazer das nossas escolhas um modo concreto de fé.
Num desses momentos, iluminado pela oração, o Mestre interpelou os discípulos com uma questão também ela decisiva: «E vós, quem dizeis que Eu sou?». É a interrogação da qual depende a autenticidade da nossa fé. «Cristo não é o que dele digo, mas o que dele vivo; não é a soma das minhas palavras, mas o que dele arde em mim» (Ermes Ronchi).
Talvez nos habite o desejo de responder como Pedro: «És o Messias de Deus». Reconhecer o Messias de Deus, implica aceitá-lo como guia dos nossos passos, ou seja, implica carregar a cruz para seguir atrás dele, perder a vida por amor. É assim que pertencemos a Cristo, como diz a Carta aos Gálatas (segunda leitura), e nos tornamos também nós «filhos de Deus pela fé em Jesus Cristo».
O Filho é consubstancial ao Pai
No domingo passado, descobrimos que Deus é Pai, não porque criou, mas porque eternamente gera o Filho; é Pai e por isso é criador e dador de vida (e não o inverso).
Ário e os seus partidários afirmavam que Jesus era a primeira e mais perfeita das criaturas, mas não era Deus. Em resposta, o Concílio de Niceia introduziu o termo «consubstancial» (em grego, homoousios), para proclamar, sem dúvida, a divindade de Jesus: Cremos «em um só Senhor Jesus Cristo, o Filho de Deus, gerado unigénito do Pai, isto é, da substância do Pai; Deus de Deus, luz da luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não criado, consubstancial ao Pai».
Explica o documento Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador. 1700.º aniversário do Concílio Ecuménico de Niceia, 325-2025: «A geração do Filho é algo diferente da criação, porque é uma comunicação da substância única do Pai. […] Não há divisão no Deus único. Em outras palavras: o Pai dá tudo ao Filho, segundo a lógica de uma vida divina, que é ágape e que ultrapassa sempre o que a mente humana pode conceber».
Se Jesus fosse apenas uma criatura, jamais nos poderia salvar. Santo Atanásio, um dos grandes defensores, em Niceia, da divindade de Cristo, afirmou: «o ser humano, constituído como criatura, não teria sido divinizado se o Filho não fosse verdadeiro Deus».
Procuremos que o Credo não seja apenas palavras saídas da boca, mas se torne um compromisso que transforma o nosso modo de ser e de estar no mundo, à imagem de Jesus Cristo, verdadeiro Deus, consubstancial ao Pai.