
Preparar para a vida
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21 de Junho de 2025SANTÍSSIMA TRINDADE, ANO C
O nosso Deus — Pai, Filho e Espírito Santo — é amor que chega a tudo e a todos. A vida cristã consiste em reconhecer o nosso Pai e Criador, seguir Jesus Cristo, o Filho, e caminhar para a verdade plena, guiados pelo Espírito Santo.
“O amor de Deus foi derramado em nossos corações”
Há um amor que nos precede e nos chama à vida, um amor que tudo sustenta e a tudo dá o seu verdadeiro sentido. Não somos mero resultado de um acaso cósmico. E também não somos o produto de uma necessidade divina. Somos fruto do amor de Deus que se “deleita” em estar connosco. Nisto reside a nossa verdadeira esperança, a esperança que não engana, como nos lembra Paulo, na Carta aos Romanos (segunda leitura), porque «o amor de Deus foi derramado em nossos corações».
Hoje, celebramos a Solenidade da Santíssima Trindade. Para nós, cristãos, um só Deus existe em três pessoas distintas: Pai, Filho e Espírito Santo. A nossa fé nasce da doação do próprio Deus, um Deus de abertura e de relação, dentro de si e para fora de si.
Não sabemos explicar a Trindade, porque as palavras ficam sempre curtas. Estamos perante um mistério. Séculos de reflexão teológica tentam torná-lo compreensível. Jamais o conseguem na totalidade. A trindade divina crê-se e vive-se, mas não se consegue abarcar com as palavras.
Se Deus é comunhão de amor, então fomos criados à imagem desta comunhão. O individualismo é uma mentira sobre a nossa verdadeira natureza. Fomos criados para a relação e para a comunhão de amor, porque assim é o nosso Deus.
Deus é Pai, fonte da vida
Hoje, iniciamos uma longa ‘série’, com várias ‘temporadas’, para acompanhar o Credo que marca a nossa história: «Credo vivo, 1700 anos de Niceia». No dia 20 de maio de 325, em Niceia, os bispos reuniram-se não para inventar uma doutrina, mas para proteger o tesouro da fé. Como assinalou o Papa Francisco: «O aniversário da sua realização convida os cristãos a unirem-se no louvor e agradecimento à Santíssima Trindade».
«O Pai é fonte de toda a divindade», recorda a Comissão Teológica Internacional, no documento Jesus Cristo, Filho de Deus, Salvador. 1700.º aniversário do Concílio Ecuménico de Niceia, 325-2025. Deus é Pai eternamente porque eternamente gera o Filho. E é deste amor transbordante entre o Pai e o Filho que brota o Espírito Santo e, por pura gratuidade, todas as criaturas, nós incluídos.
Os cristãos compreenderam que Deus é Pai, não porque nos criou, mas criou-nos porque é Pai. Deus é Pai, fonte da vida, é Criador de todas as coisas. Se Deus fosse Pai apenas porque criou o mundo, a sua paternidade dependeria da criação. Mas não. Deus é Pai desde sempre, na relação eterna de amor. Deus nunca foi solitário.
Ao fim de um dia, «se amaste, se te deixaste amar, se proporcionaste alegria a alguém, se construíste pontes de comunhão, fizeste a mais bela profissão de fé na Trindade. Como dizia Santo Agostinho: “Se vês o amor, vês a Trindade”» (Ermes Ronchi). Reconheçamos agradecidos que somos criados por um amor eterno, chamados a viver em comunhão.