Esperança agradecida
26 de Dezembro de 2019Reencontrar o sentido da vida
28 de Dezembro de 2019SAGRADA FAMÍLIA, ANO A
Neste domingo dentro da Oitava do Natal, a festa da Sagrada Família de Jesus, Maria e José permite-nos um olhar mais tranquilo ao mistério do Natal. Através de uma família humana, Deus fez-se um de nós, tomou a nossa carne.
A lição do silêncio e da família
Paulo VI, aquando da visita a Nazaré (5 de janeiro de 1964), lembrou a lição do silêncio e da família: «O silêncio de Nazaré ensina-nos o recolhimento, a interioridade, a disposição para escutar as boas inspirações e as palavras dos verdadeiros mestres. Ensina-nos a necessidade e o valor da formação, do estudo, da meditação, da vida pessoal e interior, da oração que só Deus vê no segredo […]. Que Nazaré nos ensine o que é a família, a sua comunhão de amor, a sua austera e simples beleza, o seu carácter sagrado e inviolável; aprendamos de Nazaré como é preciosa e insubstituível a educação familiar e como é fundamental e incomparável a sua função no plano social».
A lição do amor
A nossa vida não se apoia apenas na parte biológico, mas num vínculo de amor. Este vínculo de amor, antes de ser biológico, é um ato divino. É de Deus, fonte do amor, que nasce a fraternidade universal. Em Jesus Cristo, somos irmãos.
O nascimento de Jesus Cristo, na nossa carne, confirma o desígnio em nos tornar participantes do amor que caracteriza a família divina. O Natal faz-nos mergulhar no Amor (com maiúscula) que exprime o próprio ser de Deus.
O Papa Francisco, na Carta Apostólica sobre o significado e o valor do presépio, confirma que «somos convidados a colocar-nos espiritualmente a caminho, atraídos pela humildade d’Aquele que Se fez homem a fim de Se encontrar com todo o homem, e a descobrir que nos ama tanto, que Se uniu a nós para podermos, também nós, unir-nos a Ele».
A lição da gratidão
«Vivei em ação de graças». É a melhor maneira de responder a tão grande amor. Esta atitude, que tão bem caracteriza a Eucaristia, faz-se acompanhar de outras belas sugestões: «revesti-vos de sentimentos de misericórdia, de bondade, humildade, mansidão e paciência. [...] Perdoai-vos mutuamente [...]. Reine em vossos corações a paz de Cristo».
Viver em ação de graças é dizer obrigado. Agradecer, não só as coisas extraordinárias, mas, sobretudo, as simples e banais do dia a dia. Aprendamos a dizer obrigado!
A ação de graças fortalece a esperança, livra-nos da autossuficiência daquela falsa esperança que nos afasta de Deus. Mestre Eckhart dizia que «se a tua única oração na vida for ‘muito obrigado’, será o suficiente».
Estudos científicos confirmam que as pessoas que exercitam a gratidão tornam-se mais saudáveis (física e espiritualmente). A prática da ação de graças reduz as emoções tóxicas e promove aqueles outros sentimentos reportados na Carta aos Colossenses: misericórdia, bondade, humildade, mansidão e paciência.
Hoje é, portanto, um bom dia para iniciar a prática da gratidão. Um exercício simples a adotar, a partir de hoje, é anotar todos os dias pelo menos uma razão para estar agradecido. Quantas vezes ao dia dizes obrigado?