A paz esteja convosco
16 de Abril de 2020Segundo Domingo da Páscoa, Ano A
18 de Abril de 2020SEGUNDO DOMINGO DA PÁSCOA, ANO A
O trecho evangélico próprio do Segundo Domingo de Páscoa (Ano A) expressa o mal estar vivido pela comunidade dos discípulos: Jesus Cristo tinha sido condenado e crucificado, morreu e foi sepultado. Os seus seguidores refugiaram-se dentro de casa, «com medo».
‘Os que acreditam’
A narração decorre na comunidade: apesar do medo, não se afastaram, não fugiram um para cada lado, estão reunidos na mesma casa, naquele que era o ambiente familiar dos últimos anos; o Ressuscitado apresenta-se no meio deles; o incrédulo é um, mas a bem-aventurança da fé é dirigida aos que acreditam (sem terem visto).
A situação que enfrentamos, apesar de confinados ao mais restrito ambiente familiar, prova que só venceremos se unidos: ninguém se salva sozinho; só o conseguiremos juntos.
A fé cristã, que até desperta e cresce através do encontro pessoal, não subsiste sem a experiência/vivência em comunidade. A fé segue a regra da vitória: ninguém se salva sozinho; só o conseguiremos juntos.
Vitória na palma da mão
O medo e as dúvidas são legítimas. Um inimigo invisível parece ser mais forte do que os nossos hábitos e as nossas defesas pessoais e sociais. Mas permanecer no medo que vem de fora é uma escolha que fazemos, do mesmo modo que podemos optar pela confiança que brota da paz interior. Não é ao acaso que essas são as primeiras palavras do Ressuscitado, ditas uma e outra vez: «A paz esteja convosco».
Não deixes de te questionares: Porque é que tenho medo? Sê corajoso. Enfrenta esses teus medos. Acolhe as tuas feridas. O momento presente pode tornar-se um ‘aguilhão’ capaz de espicaçar a confiança e a paz. Preferes a escuridão da derrota? Tens a vitória na palma da mão!
A janela da paz e alegria
Com a ressurreição chega, a paz, um dos dons messiânicos por excelência, juntamente com a alegria, um dos fruto mais belos da experiência terrena. Esta paz e esta alegria não são a mera euforia momentânea com uma vitória inesperada.
A paz e a alegria são a janela que abrimos neste episódio da ‘série’ pascal: proporcionam a serenidade interior de quem está habitado por Jesus Cristo; restabelecem a harmonia na relação com Deus, consigo mesmo, com os outros, com a Criação.
A paz e a alegria, que irrompem da experiência do encontro com Jesus Cristo, são a descoberta de que as coisas voltam a ter sentido e que já nada pode parar a nova criação posta em marcha pelo Ressuscitado, o Vivente.
Esta é, na verdade, a vitória que temos na palma da mão, desde o dia do nosso batismo. Porventura, precisamos de a recuperar com mais confiança e entusiasmo. Por isso, na oração coleta deste dia pedimos a graça de compreender melhor «as riquezas inesgotáveis do Baptismo com que fomos purificados, do Espírito em que fomos renovados e do Sangue com que fomos redimidos».
É possível provocar em cada um de nós a mesma transformação: do medo à alegria, do não ver ao ver, do duvidar ao acreditar, do estar fechados ao ser enviados. Como é que sinto e vivo a ressurreição (transformação) nestes primeiros dias de Páscoa?