O amor de Deus, nem que seja em ‘migalhas’, a todos sacia com abundância. O dom divino procura apenas a sinceridade do coração.
[proposta elaborada a partir da ferramenta ‘Ter uma só mensagem’ e dos subsídios publicados pelo padre Amaro Gonçalo Lopes]
GUIA: Somos convocados a acompanhar a fé de uma mulher, estrangeira, libanesa, pagã, em coincidência com a Semana Nacional das Migrações. Nesta mulher, o Senhor desafia-nos a acolher e a escutar o grito dos mais pobres, dos excluídos, dos estrangeiros, de modo que a família, a Igreja e o mundo sejam Casa Comum, casa de oração para todos os povos, para todos os filhos de Deus, também para os que andam dispersos.
Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. [TODOS:] Amen.
Confiemo-nos ao Senhor, que usa de misericórdia para com todos, dizendo: Senhor, tem compaixão de nós.
> Pela indiferença e pelo comodismo, diante dos gemidos de tantos irmãos que até nós chegam, à procura de vida e de paz: Senhor, tem compaixão de nós. [TODOS:] Senhor, tem compaixão de nós.
> Pelas violências e perseguições, cometidas falsamente em nome de Deus: Cristo, tem compaixão de nós. [TODOS:] Cristo, tem compaixão de nós.
> Pela incapacidade de diálogo e de perdão, entre povos, nações e religiões: Senhor, tem compaixão de nós. [TODOS:] Senhor, tem compaixão de nós.
Leitura do Santo Evangelho segundo São Mateus [capítulo 15, versículos 21 a 28]
Naquele tempo, Jesus retirou-Se para os lados de Tiro e Sidónia. Então, uma mulher cananeia, vinda daqueles arredores, começou a gritar: «Senhor, Filho de David, tem compaixão de mim. Minha filha está cruelmente atormentada por um demónio». Mas Jesus não lhe respondeu uma palavra. Os discípulos aproximaram-se e pediram-Lhe: «Atende-a, porque ela vem a gritar atrás de nós». Jesus respondeu: «Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel». Mas a mulher veio prostrar-se diante d’Ele, dizendo: «Socorre-me, Senhor». Ele respondeu: «Não é justo que se tome o pão dos filhos para o lançar aos cachorrinhos». Mas ela insistiu: «É verdade, Senhor; mas também os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa de seus donos». Então Jesus respondeu-lhe: «Mulher, é grande a tua fé. Faça-se como desejas». E, a partir daquele momento, a sua filha ficou curada.
[Ver/ouvir a segunda parte do vídeo/audio]
A mulher grita sem parar. É a força da sua angústia. O grito, porém, dá lugar à súplica humilde e confiante: «Socorre-me, Senhor». A fé também se pode exprimir «como um grito que sai do coração» (Papa Francisco). Quando o clamor dá lugar à confiança, a cura pode acontecer, Deus começa a agir no teu coração e na tua vida.
Perante o sofrimento, nosso ou alheio, não queiramos sufocar o grito. Façamos dele uma súplica confiante. A fé, explicou o Papa Francisco, «é protesto contra uma condição penosa da qual não compreendemos o motivo; a não-fé é limitar-se a padecer uma situação à qual nos adaptamos. A fé é esperança de ser salvo; a não-fé é acostumar-nos com o mal que nos oprime e continuar assim».
Há pessoas que se ficam pelo grito. E bradam contra tudo e contra Deus. Como é que Deus pode permitir que isto aconteça? Que mal fiz eu a Deus para merecer tão grande castigo? O grito torna-se tão ensurdecedor que sufoca o próprio clamor. Isto é falta de fé!
A atitude da mulher parece mudar o comportamento de Jesus Cristo: começa por a desprezar para depois lhe enaltecer a fé: «É grande a tua fé». A história escreve-se com a nossa participação. A cura (salvação) que Deus oferece há de ser acompanhada pela colaboração humana.
Porque acreditamos na força da intercessão, confiamos ao Senhor as preces de todos os seus filhos, dizendo: Senhor, tem compaixão de nós.
> Pela Igreja, dispersa em missão por toda a terra: seja «casa de oração para todos», em que ninguém é estrangeiro nem hóspede, mas todos uma família, um só povo em Cristo, nós te pedimos: [TODOS:] Senhor, tem compaixão de nós.
> Pelos governantes: promovam a dignidade do génio feminino, ao serviço de um mundo mais belo, nós te pedimos: [TODOS:] Senhor, tem compaixão de nós.
> Pelas pessoas em viagem, em deslocação para fora ou dentro do seu país: a mobilidade favoreça a construção de um mundo novo, verdadeira Casa Comum, onde ninguém fica de fora, nós te pedimos: [TODOS:] Senhor, tem compaixão de nós.
> Pela nossa família: aprendamos de Jesus Cristo, forçado a fugir a sua terra, a conhecer e a escutar o estrangeiro para o compreender, a aproximarmo-nos para o servir, a colaborarmos e a partilharmos para crescermos juntos, nós te pedimos: [TODOS:] Senhor, tem compaixão de nós.
> [acrescenta a tua intenção], nós te pedimos: [TODOS:] Senhor, tem compaixão de nós.
Rezemos como Jesus Cristo nos ensinou: Pai nosso...
O Papa Francisco sugere-nos este compromisso: conhecer a história de cada pessoa para a compreender; aproximar-se do outro para o servir; escutar para se poder reconciliar, partilhar para crescermos juntos, envolver para promover, colaborar para construir a Casa Comum, sem invejas, discórdias e divisões, de modo que ninguém fique de fora.
Bendigamos o Senhor! TODOS: Graças a Deus!
Senhor Jesus, foste forçado a fugir, com Maria e José, para encontrares um abrigo de paz. Tu queres fazer deste mundo a Casa Comum em que há pão para todas as pessoas. Abençoa esta nossa refeição. E impele a nossa família a contribuir para um mundo mais irmão. Ámen.