A força de pertencer
16 de Junho de 2020Traição
19 de Junho de 2020DÉCIMO SEGUNDO DOMINGO, ANO A
A missão confiada aos discípulos (já recordada no domingo passado) não está isenta de riscos e perigos. Quem testemunha a palavra divina, nem sempre é bem acolhido. É o caso de Jeremias, que descobre a hostilidade dos amigos: «Talvez ele se deixe enganar e assim o poderemos dominar e nos vingaremos dele».
Há momentos em que só podemos contar com Deus: «A Vós, Senhor, elevo a minha súplica, no momento propício, meu Deus».
Perante as adversidades, o Mestre insiste na confiança: «Não tenhais medo... Não temais: valeis muito mais». O mal, o ódio, o pecado, a morte, não têm a última palavra. A vitória final será sempre do amor.
Ainda que o tempo presente possa parecer envolvido em trevas, «o dom gratuito» e «a graça de Deus» são concedidos a todos com abundância.
Há uma forma de sofrimento que só nos pode ser causada por quem está perto de nós, pelos amigos. É verdade que são os amigos que nos conhecem melhor, sabem como somos realmente. E é por isso mesmo que só os amigos nos podem atraiçoar.
«O sentimento de ser traído não é só uma ferida, é uma cratera, um rasgão que, de alto a baixo, nos descose. [...] Tudo se desorienta. A traição estilhaça o nosso quadro interno, precipita-nos na deceção, amarra-nos a um extensa e desconhecida dor» (José Tolentino Mendonça).
É nesses momentos que precisamos de perceber que a amizade vale muito mais do que qualquer traição. Custa-nos dar mais valor ao tão grande bem que nos trazem os amigos!