Os exemplos do evangelho deste Sexto Domingo (Ano A) exortam ao cumprimento radical dos ensinamentos divinos. Jesus Cristo pede aos discípulos que celebrem com o coração purificado e em comunhão, reconciliados uns com os outros. A fasquia é, de facto, exigente, tendo em conta as múltiplas divisões que existem entre nós (até dentro das comunidades paroquiais).
Os juramentos eram muito frequentes, naquela sociedade de cultura oral. O Mestre exorta a uma absoluta sinceridade e veracidade nas relações humanas. E denuncia a falsidade e a mentira.
Ser discípulos, mais do que cumprir um conjunto de mandamentos, consiste em seguir o caminho da vida e do amor. É-nos apresentado como uma escolha. Fazer uma boa escolha pode levar-nos mais longe do que pensamos!
A decisão é tua. Mas com a certeza de que, ao seguires por outro caminho, estás a desviar-te da identidade própria do cristão. O Evangelho está antes dos nossos critérios e sentimentos. O Evangelho é uma escola inspiradora dos nossos critérios e sentimentos. E nunca indica caminhos impossíveis.
Primeiro, Jesus Cristo recorda o enunciado da antiga Lei. Depois, estimula a fazer caminho sem perder a orientação. Cita o Antigo Testamento, e acrescenta: «Eu, porém, digo-vos».
Entre outras, concretiza com ousadia: «reconcilia-te com o teu adversário». Trata-se de pôr em prática o que aprendemos como critério orientador de uma vida saudável. Para o cristão, uma vida saudável é a que se apoio no cumprimento do estilo de vida do Mestre. Neste caso, é preferir o belo e exigente caminho do perdão: «reconcilia-te com o teu adversário».
A reconciliação tem situações e rostos concretos. Dar o primeiro passo não é uma humilhação. É uma escolha poderosa. É um ato sagrado. Interrompe as tensões. Não evita a pessoa. Nem ignora o sucedido. É uma superação.
Acolher ou evitar é próprio da liberdade humana. Cada um decide o caminho a seguir. Para nós, não pode ser outro senão o de acolher o projeto divino e concretizá-lo no acolhimento mútuo. Esta ‘série’ tem-nos mostrado o quanto precisamos de deixar de ‘evitar pessoas’ para colocar o acolhimento no centro da nossa vida pessoal e comunitária.
Não temos direito a julgar. Acolher sem julgar é amor incondicional. Essa é a base desta ‘série’, como estamos a perceber em cada ‘episódio’ dominical. Com mais clareza o vemos, agora que nos aproximamos do final (no último domingo de fevereiro). Está tudo no Sermão da Montanha (Mateus, capítulos 5, 6 e7).
O que é que te ajuda ou te prejudica, na prática do acolhimento? Alguns podem referir o comportamento ou as ideias desta ou daquela pessoa. Outros podem dizer que o Evangelho é demasiado exigente. Outros há que se protegem de forma subtil, a ponto de nem se aperceberem a desorientação no caminho.
Abre o coração e a vida à força inspiradora do Evangelho, a Boa Nova de Jesus Cristo. É Boa. É Nova. É sabedoria de Deus. É dom do Espírito Santo. Acolhe-a. Vive-a com alegria.