Recomeçar a amizade com Deus
5 de Junho de 2020Santíssima Trindade, Ano A
6 de Junho de 2020Queremos um novo ‘anormal’, acolher este recomeço das celebrações e encontros comunitários como oportunidade para iniciar a renovação. Também no que diz respeito à relação com Deus. Vamos (re)começar! Propomos fazê-lo sob o signo do amor e da amizade. O ponto de partida consiste em iniciar ou aprofundar a experiência pessoal de amizade com Deus.
RECOMEÇAR
O momento presente, depois do confinamento e isolamento social provocados pela pandemia do coronavírus, pode ser assinalado com a conjugação do verbo recomeçar.
Um ‘novo normal’, por estes dias, é uma expressão repetida com frequência, nos mais diversos ambientes. Não nos queremos rever num voltar ao que era antes, repor tudo da mesma forma como tinha ficado, pelos inícios da Quaresma.
Queremos um novo ‘anormal’, acolher este recomeço das celebrações e encontros comunitários como oportunidade para iniciar a renovação. Também no que diz respeito à relação com Deus.
Vamos (re)começar! Propomos fazê-lo sob o signo do amor e da amizade. O ponto de partida consiste em iniciar ou aprofundar a experiência pessoal de amizade com Deus.
Esta ‘série’, a partir do contexto bíblico próprio das solenidades e dos domingos, visita o livro do agora cardeal José Tolentino Mendonça, no qual procura esboçar uma teologia da amizade: Nenhum caminho será longo (ed. Paulinas).
Percebemos que «o maior equívoco na vida espiritual é vivermos das coisas de Deus e não vivermos de Deus». Podemos purificar as nossas imagens de Deus. Deixar cair a máscara de um relacionamento abstrato e impessoal.
Os ‘episódios’ seguem pela descoberta de sermos amados, de nos deixarmos amar por Deus, pelo desejo de nos alimentarmos dessa amizade, até ao compromisso de, no ato gratuito do acolhimento, darmos um testemunho visível da nossa experiência de amizade com Deus.
As nossas relações humanas são uma narração de Deus: «Ele fala pelas nossas palavras e respira melhor à medida que os nossos gestos se tornam amplos».
A fé corre o risco de se tornar uma ideologia, quando «deixa de ser encontro e encontro de amizade, deixa de ser procura... e torna-se rapidamente uma lista de regras e de ritos» que resvala para a idolatria. O caminho é o da «confiança esperançada numa amizade que amadurece», dia a dia.