A cura (espiritual)
14 de Agosto de 2020Vigésimo Domingo, Ano A
15 de Agosto de 2020Maria, também na sua Assunção, pode ser apresentada como ícone e modelo da vida cristã. Ela precede-nos na humana peregrinação da vida e da fé: é a primeira discípula. De facto, neste mistério contemplamos a realização do que todo o cristão espera encontrar ao terminar a sua peregrinação neste mundo.
ASSUNÇÃO DE MARIA
A imagem de Maria acompanhada pelos anjos recorda a secular tradição, desde 1950 declarada dogma de fé pela Igreja, que diz que a mulher que deu à luz Jesus Cristo subiu aos céus em corpo e alma, depois da sua morte, imitando assim o episódio da morte e ressurreição do seu Filho. É a Assunção de Maria.
Maria, também na sua Assunção, pode ser apresentada como ícone e modelo da vida cristã. Ela precede-nos na humana peregrinação da vida e da fé: é a primeira discípula. De facto, neste mistério contemplamos a realização do que todo o cristão espera encontrar ao terminar a sua peregrinação neste mundo.
Segundo a antropologia com a qual se expressa a fé cristã, Maria está na glória celeste em «corpo e alma». Este é, pois, um bom modo de habitar os céus: «em corpo e alma».
A salvação, esse projeto de felicidade estável e completa que todos os cristãos aguardamos, integra todas as dimensões do humano. Primeiro as individuais: a salvação atinge a totalidade da pessoa, corpo e alma, coração e consciência, inteligência e vontade.
A salvação integra também as dimensões sociais da pessoa: sem os outros, não estaríamos completos. Aí é onde o corpo ganha toda a importância.
A corporeidade possibilita a relação com os outros e com o mundo. Este aspeto relacional, essencial à pessoa, será realizado nos céus de forma nova, de acordo com a nossa situação de pessoas que alcançaram a meta e vivem para sempre com Deus.
A nossa corporeidade, nos céus, estará totalmente modulada pelo Espírito Santo. Já não será possível a dissimulação ou o engano (nesta vida, o nosso rosto pode aparentar ou mentir). Tudo será limpo e transparente em nós.
Precisamente, porque a dimensão relacional é essencial à nossa vida, celebrar a festa da Assunção é um convite a nos relacionarmos como Maria: visitando aqueles que precisam (como ela fez com Isabel); cuidando da família (como ela fez com José e Jesus); solidarizando-nos com os crucificados da terra (como ela fez junto à cruz).
Ao chegar à meta voltaremos a encontrar todos os bens do nosso esforço. Esses bens transfigurados integrar-se-ão na vida salva. Seria uma pena que não tivéssemos bens para integrar!