Algumas festas cristãs surgiram como forma de ‘cristianizar’ um acontecimento ou celebração pagã (não cristã). Pode ter sido o caso do mês de maio, agora dedicado à virgem Maria.
As mitologias gregas e romanas sugerem que o significado de ‘maio’ esteja ligado à maternidade, às deusas da fertilidade e da primavera. É interessante perceber estas referências relacionadas com a tonalidade mariana destes dias.
Maria é ‘mestra de vida espiritual’, modelo de fé e alento da esperança. O II Concílio do Vaticano refere-a como «sinal de segura esperança e de consolação para o povo de Deus peregrinante».
A Maria, primeira discípula de seu Filho, se aplica a bem-aventurança: «Mais felizes são os que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática» (cf. Lucas 11, 27-28). Tudo o resto é secundário.
Jesus Cristo corrigia o elogio que uma mulher lançou do meio da multidão. Não se trata dos peitos que o amamentaram, nem do ventre que o gerou. O essencial está em acolher a Palavra do Pai (que quer gerar vida em nós, ser nosso alimento). Assim, todos temos a mesma oportunidade!
Para Maria, e para cada cristão, a fé é uma questão vital: confio ou não confio em Deus? Só deste modo se pode concretizar a bem-aventurança pascal: «felizes os que acreditam sem terem visto».
Hoje, precisamos de esperança. Todos, pois todos estamos sujeitos à pandemia do coronavírus: uns, infetados; outros, perturbados por não se terem despedido dos seus entes queridos; muitos mais por terem sido ‘obrigados’ a permanecer escondidos, isolados da família e da comunidade.
O que todos mais precisamos é mesmo de um abraço, um abraço carregado esperança. O vírus é malévolo e destruidor. A solidão e o afastamento forçados agravam a situação, ao excluir as habituais manifestações físicas de afeto.
A Fátima, este ano, peregrinamos pelo coração. «Fátima é sobretudo este manto de Luz que nos cobre, aqui como em qualquer outro lugar da Terra quando nos refugiamos sob a proteção da Virgem Mãe» (Papa Francisco, 13 de maio de 2017). De Fátima, recebemos um abraço de esperança «que nos sustente sempre, até ao último respiro».
Um abraço virtual não é ‘perfeito’, mas pode ser o melhor sinal que podemos transmitir uns aos outros, em nome de Deus e de Maria.