Tudo está consumado

SEXTA-FEIRA SANTA

A Liturgia de Sexta-feira Santa coloca-nos diante da confiança e da compaixão, na figura do Servo e Cordeiro. A confiança: «Vede como vai prosperar o meu servo: subirá». E a compaixão: «Como cordeiro levado [...] foi eliminado por sentença iníqua».

A paixão do Filho é também a do Pai: uma paixão vitoriosa. Torna-se para todos «causa de salvação eterna». Para Jesus Cristo, para cada um de nós, para todos, «tudo está consumado».

Evocamos o ‘sinal’ supremo do amor que resume todos os outros modos de amar: «Em vossas mãos entrego o meu espírito». Entrega feita com realismo, «para que também vós acrediteis».

A Igreja escuta e responde numa oração verdadeiramente universal; depois, entra no silêncio do Sábado Santo.

O Servo e Cordeiro são duas descrições que, neste dia, caracterizam a única Aliança de amor que se inicia na Criação e culmina em Jesus Cristo. Servo e Cordeiro é aquele que se entrega até ao fim e carrega com o peso e as culpas que não lhe correspondiam, para tirar o pecado do mundo.

Não estamos perante a figura do triunfo e da beleza, segundo o humano, mas ante o paradoxo de Deus, que faz surgir a salvação e a vida onde aparentemente só existe condenação e morte. Pela lógica deste mundo, estamos diante de um tonto e ingénuo. Contudo, «esta história foi escrita para sabermos que não há pedra tão pesada, que não possa ser removida uma manhã» (Tomáš Halík).

O perdão, a ternura, a paciência e a paz são o único caminho para a salvação.