Vigésimo Oitavo Domingo, Ano A
10 de Outubro de 2020O esforço da vossa caridade
15 de Outubro de 2020Somos todos irmãs e irmãos, todos filhos do mesmo Pai. Cada um com as suas diferenças, que a todos enriquecem, quando acolhidas como dom; às vezes, provocam divisão e afastamento. A nossa missão é recordar o que nos aproxima e nos une como irmãos, sem ficar bloqueados pelo que nos diferencia. Importa viver mais o que nos une do que aquilo que nos separa.
ENCÍCLICA
«Desejo ardentemente que, neste tempo que nos cabe viver, reconhecendo a dignidade de cada pessoa humana, possamos fazer renascer, entre todos, um anseio mundial de fraternidade» (Carta Encíclica do Papa Francisco sobre a fraternidade e a amizade social [FT], 8).
Somos todos irmãs e irmãos, todos filhos do mesmo Pai. Cada um com as suas diferenças, que a todos enriquecem, quando acolhidas como dom; às vezes, provocam divisão e afastamento.
A nossa missão é recordar o que nos aproxima e nos une como irmãos, sem ficar bloqueados pelo que nos diferencia. Importa viver mais o que nos une do que aquilo que nos separa.
A fraternidade permite ver no outro um irmão, um «outro eu», com as mesmas necessidades e os mesmos sonhos. A fraternidade torna possível o perdão e a reconciliação, pois, ao reconciliar-me com o irmão, estou a reencontrar-me comigo.
A Carta Encíclica, em perspetiva ecuménica e inter-religiosa, almeja um alcance universal. O Papa não pretende «resumir a doutrina do amor fraterno», mas dar um contributo para a reflexão sobre a fraternidade universal, em «diálogo com todas as pessoas de boa vontade» (FT 6).
São múltiplos os temas abordados ao longo dos 287 números do documento: a pandemia do coronavírus (Covid 19); as causas que não favorecem a fraternidade; o esquecimento dos outros; o só pensar nos próprios interesses; a desconfiança e o medo face aos emigrantes; a cultura do descarte; a agressividade excessiva nas redes sociais; a injustiça da guerra; a inadmissibilidade da pena de morte; as causas estruturais da pobreza; o destino comum dos bens.
Os últimos números da Encíclica recordam que todas as convicções religiosas estão ao serviço da fraternidade universal. O contrário é sempre fruto das deformações fundamentalistas que jamais encontram eco no coração de Deus.
A proposta é suportada pela convicção de que todos cabemos dentro do coração de Deus, um coração que não tem limites nem fronteiras.
«O amor de Deus é o mesmo para cada pessoa, seja qual for a religião. E se é um ateu, é o mesmo amor. Quando chegar o último dia e houver a luz suficiente na terra para poder ver as coisas como são, não faltarão surpresas!» (FT 281)