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18 de Junho de 2021Das sombras à esperança
22 de Junho de 2021A fé é dom, decisão de amor, ato racional. ‘Creio’ é acolher a presença de Deus como uma dádiva, numa espécie de ‘dança’ entre a inteligência racional e a inteligência emocional. Ao proclamar o ‘Credo’ vinculamos a nossa experiência vital ao conteúdo das verdades essenciais da fé.
CREDO
Um ato de confiança, apesar da possibilidade da dúvida ou do risco. A palavra ‘Credo’ deriva do latim e significa ‘creio’, acredito, confio, estou convencido, acolho como verdade.
Ao dizer ‘creio’ exprimo o modo como me posiciono diante de uma pessoa ou de um acontecimento: considero-a digna de confiança, tomo-o como certo, convicto de que é verdade.
Há uma (grande) diferença entre o crer, o ver e o saber. Escreveu Jean Guitton: «saber é mais belo do que ver. Mas crer é ainda mais belo do que saber, porque no ato de crer há muito amor».
Ver implica a perceção dos sentidos, saber implica a inteligência, crer implica a vontade no seu mais alto grau, o amor. A inteligência (saber) supera a capacidade dos sentidos (ver); e a inteligência (saber) é superada pelo amor (crer).
«Sei em quem acreditei»: esta afirmação de Paulo, na Segunda Carta a Timóteo (capítulo 1, versículo 12), conjuga o saber e o crer, os conhecimentos recebidos com a decisão de amar.
Antes (versículos 6 e 7), Paulo tinha-se dirigido a Timóteo nestes termos: «Recomendo-te que reacendas o dom de Deus que se encontra em ti, [...] pois Deus não nos concedeu um espírito de timidez, mas de fortaleza, de amor».
Paulo acrescenta (versículo 14): «Guarda, pelo Espírito Santo que habita em nós, o precioso bem que te foi confiado».
Em primeiro lugar, ‘creio’ é o reconhecimento de uma dádiva, neste caso, o admirável e precioso dom da fé, virtude que procede de Deus (cf. Catecismo da Igreja Católica, número 153).
Ao mesmo tempo, envolve a liberdade e a razão, numa adesão pessoal ao dom infundido e à verdade revelada por Deus (cf. Catecismo..., 150).
A fé é dom, decisão de amor, ato racional. ‘Creio’ é acolher a presença de Deus como uma dádiva, numa espécie de ‘dança’ entre a inteligência racional e a inteligência emocional.
Ao proclamar o ‘Credo’ vinculamos a nossa experiência vital ao conteúdo das verdades essenciais da fé. «Não acreditamos em fórmulas, mas sim nas realidades que as fórmulas exprimem e que a fé nos permite ‘tocar’» (Catecismo..., 170).
Na fórmula escrita, o ‘Credo’ é um conteúdo digno de crédito. Nos lábios do crente, torna-se declaração de amor, que brota do coração.