Sinais de esperança
30 de Dezembro de 2023A Bíblia, carta de amor
13 de Janeiro de 2024EPIFANIA, ANO B
Deus é para todos. Todos são destinatários da luz que irradia do presépio. Nenhuma pessoa se sinta excluída do amor divino. Esta é a grande lição da Epifania: Deus, em Jesus Cristo, veio para todos, todos, todos.
"Virão adorar-Vos, Senhor, todos os povos da terra”
O horizonte é amplo e inclusivo: todas as pessoas são abrangidas pela luz do Natal. Não podemos ignorar o movimento universal provocado pelo nascimento do Filho de Deus na nossa carne. «Virão adorar-Vos, Senhor, todos os povos da terra», proclama o salmista.
«Desde os sinais do cosmos aos mais humildes da humanidade, todos se encaminharam para aquele lugar de luz. Primeiro as estrelas, depois os anjos, seguindo-se os pastores e por fim os magos. Todos eles admirados e espantados com tal evento» (Mensagem dos bispos de Braga para o ciclo litúrgico Advento-Natal).
Somos herdeiros dos Magos, esses estrangeiros que se põem a caminho, movidos pelo desejo de decifrar aquele sinal admirável. Põem-se a caminho, com os seus esforços e com as suas incertezas. Sem saberem para onde, arriscam deixar tudo para cumprir o desejo profundo de adorar o rei dos judeus, que acabara de nascer.
Como os Magos, cada ser humano transporta consigo um desejo profundo. A palavra ‘desejo’ exprime, à letra, a falta de uma estrela. O desejo indica a necessidade fundamental de sentido para a presença neste mundo. Em cada coração, em cada povo, em cada cultura, em cada língua, existe um desejo inato de Deus, uma sede profunda de encontro com o divino. O cardeal Tolentino de Mendonça disse-o deste modo: «O que de mais decisivo se joga em nós prende-se com o desejo de Deus».
Sedentos, como os Magos
Hoje, continuam a surgir sinais admiráveis, muitas vezes, porém, os sinais deste movimento universal de desejo inato de Deus são subtis, porventura imperceptíveis, mas certo é que estão sempre presentes e ativos na história da humanidade.
A Epifania conclui a ‘série’ de Advento e Natal, «O meu presépio, sinal admirável». Ao contemplarmos a chegada dos Magos à gruta de Belém, escreveu o Papa, na Carta Apostólica sobre o significado e o valor do Presépio, aprendemos «que se pode partir de muito longe para chegar a Cristo: são homens ricos, estrangeiros sábios, sedentos de infinito, que saem para uma viagem longa e perigosa e que os leva até Belém. […] E de certeza, quando regressaram ao seu país, falaram deste encontro surpreendente com o Messias, inaugurando a viagem do Evangelho entre os gentios».
O último ‘episódio’, impelidos pelo desejo e entusiasmo dos Magos, motiva-nos a refletir sobre a nossa ação evangelizadora. Movidos pelo desejo e cheios de entusiasmo, «cada um de nós torna-se portador da Boa-Nova para as pessoas que encontra, testemunhando a alegria de ter conhecido Jesus e o seu amor; e fá-lo com ações concretas de misericórdia». Somos cristãos, quando vivemos a fraternidade. «Demos as mãos, unamos nossos corações e sigamos juntos por um caminho novo para levar Jesus a todos e todos a Jesus» (Mensagem dos bispos de Braga).