Eucaristia, união íntima
27 de Abril de 2024SEXTO DOMINGO DE PÁSCOA, ANO B
O amor de Deus é tão maravilhoso e absoluto que chega ao ponto de dar a vida por nós. Somos filhos amados de Deus. Jesus Cristo, nosso Senhor e Mestre, revela-nos o amor de Deus e dá-nos um mandamento: que nos amemos como ele nos ama.
“Permanecei no meu amor”
A extensão do tempo pascal — entramos na sexta semana — pode levar-nos a um certo cansaço ou rotina. A sabedoria da Igreja, na oração coleta, convida-nos a pedir a Deus que nos conceda «a graça de viver dignamente estes dias de alegria, em honra de Cristo ressuscitado, de modo que a nossa vida corresponda sempre aos mistérios que celebramos». Muito bem dito! Não percamos o fervor. Nada nos pode afastar da centralidade do acontecimento pascal.
Jesus Cristo revela-nos o amor de Deus. Melhor: Jesus Cristo é o amor de Deus. O amor incarnado de Deus é Jesus Cristo, o amor que dá vida e alegria aos amigos.
Aos discípulos, seus amigos, pede-lhes que sejam amor, portadores do amor maravilhoso e absoluto de Deus. Antes de amar, diz-nos para sermos amor e para nos deixarmos envolver pelo seu amor. «Permanecei no meu amor». Eis a sequência da segunda etapa do tempo pascal: «Eu sou o bom pastor»; «permanecei em mim»; «permanecei no meu amor».
Permanecer implica duração, tempo, estabilidade, neste caso, relacional. Lembremos que o verbo grego (ménō), que traduzimos por permanecer e exprime a íntima união que existe no seio da Trindade, também significa habitar, como que a dizer: Habitai no amor. «O amor é real como um lugar, como uma casa. Pode-se viver lá dentro. Ou antes, já lá estamos dentro, como uma criança no ventre da mãe, que não a vê, mas que tem mil sinais da sua presença que a alimenta, entra em relação com ela» (Ermes Ronchi).
Sacramento do amor
A união íntima com Deus, na qual estamos mergulhados como a criança no ventre da mãe, é atualizada na eucaristia. Ela é o centro vital da fé cristã, a nossa resposta ao maravilhoso e absoluto amor revelado em Jesus Cristo.
Bento XVI, inspirado em São Tomás de Aquino, definiu a eucaristia como «sacramento da caridade», porque «é a doação que Jesus Cristo faz de si mesmo, revelando-nos o amor infinito de Deus por cada ser humano. Neste sacramento admirável, manifesta-se o amor ‘maior’: o amor que leva a ‘dar a vida pelos amigos’» (Exortação Apostólica sobre a eucaristia fonte e ápice da vida e da missão da Igreja, 1). A eucaristia é o sacramento do amor que dá vida e alegria aos amigos. Reconhecê-la como sacramento do amor ajuda a avivar em nós o desejo de a celebrar em cada domingo — pedimos na oração de preparação para o 5.º Congresso Eucarístico Nacional — e a tornar «alegre, consciente, ativa e frutuosa a nossa presença na assembleia cristã».
Eucaristizados, tornamos-nos portadores do amor que dá vida e alegria. Deixa de ser um sentimento ou um episódio romântico, é a decisão comprometida no tempo, amadurecida pelas circunstâncias da vida, que se exprime na capacidade de sofrer pelos outros e resiste às contradições e aos conflitos. Somos discípulos do amor!