O Espírito de Deus habita em vós
2 de Julho de 2020Acompanhar a realidade
4 de Julho de 2020DÉCIMO QUARTO DOMINGO, ANO A
Jesus Cristo não dá uma definição de oração. Este Mestre recorre poucas vezes à teoria. Prefere a prática, quer porque convida a fazer, quer porque, ainda melhor, mostra como se faz, dá o exemplo. É o caso do evangelho proposto para o Décimo Quarto Domingo (Ano A).
‘Eu te bendigo, ó Pai, Senhor do céu e da terra’
Na nossa relação de amizade com Deus, abunda muitas vezes o recurso à petição. A primeira coisa que somos impelidos a fazer é pedir a sua ajuda, uma intervenção nesta ou naquela situação, para nós ou para uma pessoa que nos é querida.
Temos de aprender a incorporar, com mais frequência, outras dimensões da oração, como a ação de graças e o louvor. É o que Jesus Cristo nos mostra, hoje, ao começar por bendizer a presença e a ação do Pai: «Eu te bendigo, ó Pai, Senhor do céu e da terra».
Pensa nas vezes em que costumas rezar. Analisa a forma e o conteúdo das tuas orações. Fazes o ‘Sinal da Cruz’, e depois o que é que fazes ou dizes a Deus? Este tempo novo pode ser uma bela ocasião para experimentar outros modos de oração.
A primeira atitude, talvez até já o faças ou tenhas feito, consiste em acolher a presença, sentir-se habitado pelo Espírito Santo (como dá a entender a Carta aos Romanos: «O Espírito de Deus habita em vós»). Há quem, por exemplo, use a respiração para tomar consciência desta presença espiritual. Deixa que o Espírito de Deus te conduza a uma quietude interior que te faça sentir amado, que te permita acolher Deus, com alegria.
Surge o segundo passo (anunciado hoje pelo profeta): exulta de alegria, solta brados de júbilo, Deus vem ao teu encontro. Alegra-te, o teu ser é envolvido pelo amor divino.
Estás, agora, preparado, de modo simples e natural, para expressar o que de mais belo tens dentro de ti e preenche o teu coração: «Eu Te bendigo, ó Pai, Senhor do céu e da terra».
Há momentos em que não se afigura tão fácil pôr em prática esta proposta de oração. Temos pressa. Queremos pedir. Faz-nos falta dizer a Deus o que precisa de ser feito para recolocar em ordem a vida e o mundo.
Não cedas à tentação! Lembra-te do que se segue no evangelho: quando andas cansado e oprimido, entrega-te no coração de Jesus Cristo, coloca-te nas mãos de Deus. Deixa-te inundar pela certeza de estares habitado pelo Espírito de Deus que te oferece o descanso e a mansidão.
Saborear a quietude
O ritmo impôs-se tão frenético que o cansaço está entranhado na nossa vida. Até quando nos foi imposto um período mais calmo, ficamos cansados da quietude. Estamos tão habituados a pensar no que está para vir, no que temos de fazer a seguir, que já não sabemos saborear o instante de cada momento.
Tomemos o conselho do poeta: deixa de olhar para fora, entra no teu coração, escava dentro de ti em busca de uma resposta profunda. Lembra-te de que Deus se revela aos ‘pequeninos’, os humildes que buscam dentro de si a sua presença, a partir dos momentos simples do quotidiano.
Não queiras respostas imediatas e repentinas soluções. Começa sempre por bendizer a presença divina.