Pentecostes, Ano A
30 de Maio de 2020O amor de Deus
4 de Junho de 2020A imagética que acompanha uma grande maioria das imagens e devoções ao Coração de Jesus precisa de ser renovada, tendo em conta este compromisso em estar próximo de tudo o que habita o coração humano. Em especial, os sofrimentos de tantas pessoas, desempregados, doentes, idosos, abandonados, maltratados, emigrantes, e tantos outros com os quais se mostra solidário o Coração de Jesus e dos seus discípulos.
CORAÇÃO DE JESUS
O mês de junho, na religiosidade popular, com a solenidade litúrgica e os grupos paroquiais do Apostolado da Oração (também conhecidos como Associados do Coração de Jesus), é dedicado ao Coração de Jesus.
O II Concílio do Vaticano, ao referir-se a Jesus Cristo, Homem Novo, afirma, na Constituição Pastoral sobre a Igreja no mundo atual (GS 22): «Trabalhou com mãos humanas, pensou com uma inteligência humana, agiu com uma vontade humana, amou com um coração humano». Por isso, refere também que tudo o que é verdadeiramente humano encontra eco no seu coração.
Algumas ideias sobre o Coração de Jesus talvez mudassem se, em vez de buscar imagens que desviam da realidade, o procurassemos onde realmente se encontra: nos pobres, nos misericordiosos, nos pacíficos, nos que dão a vida...
É urgente renovar ideias e imagens de um suposto ‘sagrado coração’, que, em vez de aproximar, afastam do que nos constitui como humanos.
A imagética que acompanha uma grande maioria das imagens e devoções ao Coração de Jesus precisa de ser renovada, tendo em conta este compromisso em estar próximo de tudo o que habita o coração humano. Em especial, os sofrimentos de tantas pessoas, desempregados, doentes, idosos, abandonados, maltratados, emigrantes, e tantos outros com os quais se mostra solidário o Coração de Jesus e dos seus discípulos.
A referida constituição conciliar expressa-o, de modo claro, nas suas primeiras palavras (GS 1): «As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo; e não há realidade alguma verdadeiramente humana que não encontre eco no seu coração. Porque a sua comunidade é formada por homens, que [...] receberam a mensagem da salvação para a comunicar a todos».
A contemplação da humanidade de Jesus Cristo, tal como é descrita nos evangelhos, ajuda a acolher o mistério que nela se espelha e revela. Infelizmente, às vezes parece que não sabemos o que fazer com essa humanidade e preferimos passar ao lado, para ir à procura de uma divindade feita à medida de meros sentimentalismos.