Felizes diante de Deus
21 de Março de 2020A ressurreição e a vida
26 de Março de 2020A renovação tem início concreto num anúncio feito a uma jovem de Nazaré. Anúncio que é também proposta que precisa de consentimento. Não se impõe. Este é (sempre) o caminho de Deus. Jamais interfere na nossa liberdade. Não admira, por isso, que Maria tenha ficado «perturbada». A sua resposta tem a capacidade de influenciar o curso da História.
ANUNCIAÇÃO
Estamos a nove meses da celebração do Natal, o nascimento de Jesus, Filho de Deus e, ao mesmo tempo, filho de Maria. São os meses da gestação no ventre materno. Por isso, a 25 de março assinalamos a festa da Anunciação.
A data litúrgica celebra a conceção de Jesus Cristo no seio da virgem Maria, a concretização biológica daquilo que, pela fé, proclamamos: «encarnou pelo Espírito Santo».
O termo «encarnar» (ou «incarnar») significa «entrar na carne». Deus entra na «carne» humana, assume a mesma natureza. Uma presença inédita: Deus humaniza-se, vive e partilha a nossa condição. Não é apenas um ser humano enviado por Deus, como são muitos dos personagens bíblicos; Jesus (de Nazaré) é o próprio Deus visível na história humana.
A narração segundo Lucas, que sustenta este momento, especifica que o Espírito Santo virá sobre Maria e a força do Altíssimo (Deus) a cobrirá com a sua sombra. O futuro dos verbos não é temporal, mas à espera da resposta humana, porque carece de um ‘sim’ para se tornar presente.
A renovação tem início concreto num anúncio feito a uma jovem de Nazaré. Anúncio que é também proposta que precisa de consentimento. Não se impõe. Este é (sempre) o caminho de Deus. Jamais interfere na nossa liberdade.
A referência ao Espírito Santo ratifica a ação divina. Não é uma normal conceção no ventre materno fruto da união sexual do homem e da mulher. É a intervenção de Deus que proporciona a ‘nova criação’. O Filho é o ‘novo início’ proporcionado pelo Pai, através do Espírito Santo.
Não admira, por isso, que Maria tenha ficado «perturbada». A sua resposta tem a capacidade de influenciar o curso da História.
Hoje, também podemos contribuir para a regeneração da história pessoal e comunitária, não pela vontade dos poderosos, mas graças a uma mudança de mentalidade (conversão), que só pode ocorrer em corações humildes e amorosos.
Quaisquer que sejam as circunstâncias, com ou sem ‘pandemia’ ou ‘quarentena’, temos a missão de anunciar, com todas as forças, que o acolhimento da palavra de Deus («faça-se em mim segundo a tua palavra») é a melhor via para a tão necessária regeneração da história e da sociedade.