Jesus Cristo, sem anular os laços familiares tradicionais, quis instituir uma ‘nova família’, na qual os vínculos vitais se estabelecem com base na fé e do amor, na escuta e na prática da palavra de Deus.
‘Nova’, porque o casamento entre o homem e a mulher já existia (é porventura uma realidade desde que existem seres humanos e foi sempre considerado pela Igreja como uma união natural querida e abençoada por Deus); com Jesus Cristo aparece um ‘novo’ tipo de relação que rompe com os cânones desses parentescos estabelecidos pela carne e o sangue.
‘Família’, porque a relação entre os humanos e o Deus de Jesus Cristo é «como a história de dois namorados. Deus e o homem encontram-se, procuram-se, acham-se, celebram-se e amam-se: exatamente como o amado e a amada no Cântico dos Cânticos. Todo o resto vem como consequência desta relação. A Igreja é a família de Jesus sobre a qual derrama o seu amor; é este amor que a Igreja conserva e deseja doar a todos» (Papa Francisco, Audiência Geral de 8 de junho de 2016).
A família que Jesus Cristo propõe, para além de qualquer outra consideração sobre as afinidades, é a que se fundamenta na fé e no amor, na escuta e na prática da palavra de Deus.
«Quem são a minha mãe e os meus irmãos?» (Marcos 3:33) — perguntou de forma provocatória, quando lhe anunciaram a presença da sua família carnal: «A tua mãe e os teus irmãos estão lá fora e querem falar-te» (Mateus 12:47). Apontando para outros que não eram da sua família carnal, referiu-se aos que o escutavam, dizendo: «Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a Palavra de Deus e a põem em prática» (Lucas 8:21).
Todas as pessoas são convidadas a fazer parte desta ‘nova família’. Ao longo da história, alguns homens e mulheres quiseram imitar mais de perto este novo tipo de família, essa fraternidade não fundamentada na carne, mas no amor.
Criaram-se famílias de homens e de mulheres celibatários, que queriam com este sinal ‘repetir’, nas suas vidas, o celibato de Jesus Cristo, mostrando assim qual é a ‘nova família’.
É uma pena que quando se fala de família, na Igreja, nos tempos atuais, parece que só se pensa num possível tipo de vínculo familiar!