Filho de Deus
25 de Março de 2021Conhecer Jesus Cristo
27 de Março de 2021DOMINGO DE RAMOS, ANO B
Eis o quadro, decisivo e dramático, da liturgia deste Domingo de Ramos. A aclamação dirigida a Jesus Cristo ecoa em todo o mistério pascal: para nos «dar a salvação» (é o sentido da expressão «Hossana»), vai sofrer a Paixão e dar a vida, até à Cruz.
‘Filho de Deus’
Pensemos nesta questão central para o cristianismo: Quem é Jesus Cristo? É também a pergunta que percorre o evangelho segundo Marcos. É o próprio quem toma a iniciativa de colocar a questão: «Quem dizeis que eu sou?» (Marcos 8, 29). Agora, no relato da Paixão, volta a aparecer, na expectativa da resposta, pergunta semelhante: «És Tu o Messias, Filho do Deus Bendito?».
Com atenção, percebemos que os detalhes dos relatos da Paixão, em relação aos restantes episódios, assumem uma desproporção intencional: os últimos dias da existência terrena de Jesus Cristo são a chave para desvendar a sua identidade.
A resposta inequívoca está latente do princípio ao fim. As primeiras palavras do evangelista, «Princípio do evangelho de Jesus, Cristo, Filho de Deus», refletem-se na afirmação final colocada na boca do centurião: «Na verdade, este homem era Filho de Deus».
O verdadeiro significado de ‘Filho de Deus’ não pode ser (bem) compreendido sem o conteúdo da Paixão. O Filho de Deus é o amor desarmado do Pai, o Servo sofredor, o Messias crucificado, o Salvador ferido, a entrega gratuita até à morte na cruz.
Pedro, como o resto dos discípulos, não suspeitava de algo semelhante. Era amigo dele, jurava permanecer sempre a seu lado, mas tinha em mente outro tipo de Messias. Até nós temos dificuldade em acreditar! Quando se apercebe da sua incredulidade, Pedro «desatou a chorar».
A Jesus Cristo talvez só o possamos compreender depois de fazermos semelhante experiência vital, como Pedro, porque algumas vezes juramos amor incondicional, como seguimos outras opções que dizíamos não aceitar. Queremos amar; negamos e traímos.
As vivências relatadas fazem perceber que o ato de amor é a coisa mais bela que há no mundo. Aqui, é ato de amor levado ao extremo. Não é ato isolado, mas o culminar de toda a vida oferecida aos outros. Jesus Cristo poderia dizer: «Eu sou assim: dou a minha vida por inteiro». Por isso, a expressão proferida naquela Última Ceia é um perfeito resumo do seu viver: «Tomai: isto é o meu Corpo».
Quem é Jesus Cristo?
Conhecer Jesus Cristo implica fazer o caminho que fizeram aqueles homens e mulheres, os seus primeiros seguidores. Podemos fazer o caminho de Pedro ou de um qualquer outro discípulo.
Este é o ponto central: colocarmo-nos no caminho do discipulado, dispostos a aprender com ele e a seguir com ele, deixar de lado todas as resistências e entrarmos na história «‘com tudo’, com a nossa inteligência e emoções, imaginação e busca criativa, com a mente e coração abertos, com o nosso desejo de entender e com a nossa sede espiritual: pois tudo isto são as componentes escondidas na palavra acreditar» (Tomas Halík). Hoje, que a contemplação do relato da Paixão nos convença disto; e nos guie até à Páscoa.