Manter a harmonia
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30 de Setembro de 2023VIGÉSIMO QUINTO DOMINGO, ANO A
Todos somos convocados. Ninguém fica de fora, porque Deus sai ao encontro de todos. É deste modo que Deus quer mudar o nosso coração, esvaziando-o do ciúme e da inveja, para o encher de generosidade e de amor.
“O teu olho é mau, porque eu sou bom?”
Estamos perante uma das parábolas mais «surpreendentes e interpeladoras» (José Antonio Pagola). O protagonista é o senhor da vinha. Apesar de ser conhecida como «a parábola dos trabalhadores da vinha», talvez seja mais adequado dizermos «a parábola do patrão que queria trabalho e pão para todos».
Com esta parábola, Jesus Cristo realça dois pontos importantes: Deus ama todas as pessoas e a todas convida a viver a partir da comunhão com ele.
Quão difícil é aceitar este modo de ser e de agir de Deus! Quantos cristãos se sentem como aqueles trabalhadores matutinos que se consideram enganados?! É a lógica daqueles que pensam que tudo se mede a partir do esforço e do trabalho.
Do ponto de vista dos primeiros trabalhadores, não está certo que quem suportou o peso do dia e o calor ardente seja equiparado a quem trabalhou apenas uma hora no momento mais favorável do dia. A verdade é que não se trata de uma questão de justiça, pois todos receberam o que tinha sido acordado, aquando do convite para trabalhar na vinha. É, pois, uma questão de ciúme e de inveja: os primeiros não aceitam que todos, em especial os últimos, recebam o mesmo. A intervenção final do senhor da vinha é esclarecedora: «Amigo, não estou a ser injusto contigo. […] Quero dar a este último o mesmo que a ti. […] O teu olho é mau, porque eu sou bom?».
Purificar o olhar
A inveja é uma grande fonte de conflitos, a começar pela instabilidade interior que provoca no invejoso: faz dele uma pessoa agitada, incapaz de elogiar e de sentir alegria pela felicidade alheia. A inveja é um sentimento destrutivo.
No início desta ‘série’, «resolver conflitos e fazer amigos», assinalamos que a qualidade dos pensamentos interfere no modo como agimos e reagimos às situações. Propusemos a mais-valia de começar por ‘falar’ para dentro de nós e de ter pensamentos positivos. Dissemos que é o primeiro passo para ser eficaz na resolução de conflitos e na relação com pessoas difíceis.
Temos de admitir que alguns conflitos começam dentro de nós, a partir do ciúme e da inveja que deixamos crescer nos nossos corações. Sejamos corajosos a reconhecer que, às vezes, também somos nós a pessoa difícil. Porque «a inveja é uma doença do olhar, é sobretudo nessa direção que se orienta a cura: melhorar-se a si próprio, em vez de destruir o bem alheio» (Paolo Scquizzato).
Somos chamados a purificar o nosso olhar. É um poderoso antídoto contra o sentimento de inveja. Muitas vezes somos prisioneiros dos nossos padrões de julgamento e de avaliação. Não há aquele que chega primeiro, que é o mais merecedor, não há superioridade ou prioridade. Cuidemos o nosso olhar! O outro é um companheiro, não é um concorrente, é um companheiro de jornada, é aquele com quem podemos compartilhar o pão de cada dia.