Primeiro Domingo da Quaresma, Ano B
20 de Fevereiro de 2021Obedeceste à minha voz
25 de Fevereiro de 2021A proximidade não se mede em metros ou centímetros, nem se opõe a distância; avizinha-nos da ‘casa’, ajuda-nos a reabilitar a mesa e o pão como ‘lugar’ de compreensão do ser e da vida. Então, o que é que nos sugere este ensaio de uma filosofia da proximidade? O autor organiza a reflexão em três ‘momentos’: O prato na mesa; Cultivar o jardim; O suor subatómico da água.
LEITURA
«Um livro deve ser um machado para quebrar o mar gelado que trazemos dentro de nós» (Franz Kafka). O objetivo é mostrar livros que ‘mordem’ (por dentro) e nos acordam, pois é deles que precisamos. A Resistência Íntima, acolhida a indicação do cardeal José Tolentino Mendonça, é a (minha) proposta de leitura para a Quaresma.
‘Resistência’ assume o duplo sentido de reação e criação: enfrentar o problema e desenvolver soluções criativas. Trata-se de reagir ao estado atual de «desagregação»; e criar uma possibilidade de construir a vida em base de humanidade e de esperança. A resistência assume-se como modo de ser, um «movimento da existência humana».
‘Íntima’, mais do que interioridade, remete para a centralidade (núcleo) e a proximidade, em todas as ambivalências, quer em relação ao próprio, seja voltada para o outro, o semelhante.
Josep Maria Esquirol (nasceu em 1963) é professor de Filosofia da Universidade de Barcelona, na qual dirige a investigação Aporia, grupo dedicado ao pensamento contemporâneo.
O autor organiza a reflexão em três ‘momentos’: O prato na mesa; Cultivar o jardim; O suor subatómico da água. Desenvolve-os numa caminhada de dez passos: Desagregação e resistência; Cartografia do nada e experiência niilista; Voltar a casa; Elogio da quotidianidade: quão simples que é a vida; Breve meditação médica; Cuidar de nós sem nos convertermos em narcisos; Não ceder ao dogmatismo da atualidade; O oceano ou o deserto?; A essência da linguagem como amparo; Uma metafísica do ajuntamento.
A obra recebeu, em Espanha, o Prémio Ciutat de Barcelona de Ensaio (2015) e o Premio Nacional de Ensayo (2016); está publicada, entre nós, pelas Edições 70, com prefácio do cardeal José Tolentino Mendonça (maio de 2020, 155 páginas).
Esquirol lembra-nos que a proximidade não se mede em metros ou centímetros, nem se opõe a distância; avizinha-nos da ‘casa’, ajuda-nos a reabilitar a mesa e o pão como ‘lugar’ de compreensão do ser e da vida. Então, o que é que nos sugere este ensaio de uma filosofia da proximidade?
Por agora, é tempo de iniciar a leitura e, em modo de retiro quaresmal, como ‘companheiro’ do ensaísta catalão, permitir-me ser guiado neste itinerário de resistência íntima.