Presença (in)visível do Espírito

O Pentecostes celebra o nascimento da Igreja, mas também evoca a origem da vida. A ação criadora do Espírito Santo está sempre presente em toda a História da Salvação. O Espírito Santo dá novo sentido a todas as coisas. A presença invisível do Espírito pode ser percebida na visível presença da vida. Esta pode ser uma chave para reconhecer a presença (ausência) do Espírito Santo: onde há vida, aí habita Deus.

VIDA

O Pentecostes celebra o nascimento da Igreja, mas também evoca a origem da vida. Há um hino sobre o Espírito Santo que o invoca como ‘criador’: Veni, creator Spiritus, em latim, cuja tradução, em português, é Vem, criador Espírito de Deus. O Espírito Santo é criador, é o «Senhor que dá a vida».

O Catecismo da Igreja Católica (n.º 703) afirma que o Espírito está presente na Criação como o «Sopro» de Deus (Pai) que, com a Palavra (Filho), está «na origem do ser e da vida de todas as criaturas».

O termo hebraico ruah, que é usado para designar o Espírito de Deus, é do género feminino. Podemos acolhê-lo como uma alusão à capacidade de gerar vida, dar à luz.

Os primeiros versículos da Bíblia dizem que a terra era informe e vazia, sobre ela movia-se o espírito de Deus. A ordem e a harmonia do universo são obra do ‘criador Espírito de Deus’.

A seguir, pelo ‘sopro’ vivificante, o pó da terra modelado por Deus transforma-se num ser vivente. O ser humano recebe, nas narinas, ‘o sopro da vida’ que o torna criatura única no universo, imagem e semelhança de Deus (cf. Génesis 1-2).

A ação criadora do Espírito Santo está sempre presente em toda a História da Salvação.

A nova humanidade é inaugurada com a entrada no mundo do Filho do Homem, quando o Espírito Santo fecunda o seio da jovem de Nazaré. A Anunciação a Maria, podemos assim dizer, é o primeiro Pentecostes em sentido pleno: «o Espírito Santo virá sobre ti» (Lucas 1, 35).

O Espírito Santo tudo renova, dá novo sentido a todas as coisas e à nossa própria existência. Ele dá vida aos nossos corpos mortais, habita em nós para sempre (cf. Romanos 8, 11). Na nova criação inaugurada na manhã de Páscoa, o Espírito do Ressuscitado oferece ao ser humano o dom divino da imortalidade, a plenitude da vida.

«É o Espírito quem dá a vida» (João 6, 63). Assim o dizemos ao professar a nossa fé: «Creio no Espírito Santo, Senhor que dá a vida». Onde há vida, aí está presente o Espírito de Deus. Aqueles que se deixam mover pelo Espírito Santo realizam, em si e nos outros, obras de vida.

A presença invisível do Espírito pode ser percebida na visível presença da vida. Esta pode ser uma chave para reconhecer a presença (ausência) do Espírito Santo: onde há vida, aí habita Deus.