
O sinal
19 de Fevereiro de 2021
Primeiro Domingo da Quaresma, Ano B
20 de Fevereiro de 2021Talvez tenhamos de aprender a interpretar a Quaresma em chave de Aliança, o mesmo é dizer, em perspetiva de vida. Até o ‘pó’ das cinzas é chamado a renascer, não a desaparecer! Somos ‘pó’ chamado à eternidade, cinzas cheias de espírito e de amor, Espírito e Amor que é Deus.
QUARENTENA
Quaresma, em latim, diz-se ‘Quadragesima’, ou seja, quarenta dias, o período de tempo que precede a celebração da Páscoa. Neste contexto, será que se pode tomar como sinónimos ‘quaresma’ e ‘quarentena’?
O termo ‘quarentena’ tornou-se popular, nesta pandemia da Covid-19, para descrever o afastamento social e o isolamento profilático das pessoas. Ora, a Quaresma não é afastamento nem isolamento! A Quaresma é ‘sair’ ao encontro do Senhor Ressuscitado, é caminhar em direção à Páscoa.
A Quaresma, como toda a liturgia, só tem sentido em função da Páscoa. Por isso, o que iniciamos, na realidade, é o grande tempo pascal da Igreja: primeiro, os quarenta dias de preparação para a festa da Ressurreição de Jesus Cristo; depois, os cinquenta dias para celebrar e viver em tonalidade pascal, acompanhados pelo Ressuscitado, presente em nós pelo Espírito Santo.
Este momento histórico coloca muitas perguntas e produz outras tantas incertezas e sofrimentos. Os primeiros quarenta dias, preliminares à celebração pascal, convidam-nos a tomar consciência do que significa ser e viver como cristãos, nas circunstâncias atuais.
O centro da nossa vida é Jesus Cristo, a sua pessoa, a sua mensagem, o mistério da sua morte e da sua ressurreição. Nós, cristãos, acreditamos que este mundo e todas as circunstâncias da nossa existência encontram a luz verdadeira na vida e na mensagem de Jesus Cristo, no mistério da sua Páscoa.
O itinerário quaresmal chama a atenção para algo que não podemos desvalorizar: a presença salvífica do Deus vivo em nós e no mundo. Abramos, pois, os nossos ouvidos e o nosso coração, para que, desde o íntimo do nosso ser, nos ajude a percorrer o caminho que conduz à Páscoa.
Talvez tenhamos de aprender a interpretar a Quaresma em chave de Aliança, o mesmo é dizer, em perspetiva de vida. Até o ‘pó’ das cinzas é chamado a renascer, não a desaparecer! Somos ‘pó’ chamado à eternidade, cinzas cheias de espírito e de amor, Espírito e Amor que é Deus.
O pó e a morte recordam a condição frágil e pecadora do ser humano. Mas esta fragilidade encontra em Deus a sua força, a possibilidade de renascer, quer dizer, de ressuscitar. A nossa vida procede de Deus para voltar a Deus.