Coração sábio e esclarecido
23 de Julho de 2020Um tesouro a cuidar
25 de Julho de 2020DÉCIMO SÉTIMO DOMINGO, ANO A
No Décimo Sétimo Domingo (Ano A) concluímos as ‘parábolas do Reino’, segundo Mateus, proclamadas em três domingos. Jesus Cristo não deixa de nos maravilhar: umas vezes, diz que Deus é descoberto por acaso; outras, que precisa de ser procurado com paciência.
‘O reino dos Céus é semelhante…’
Jesus Cristo repete a mesma fórmula do domingo passado: «o reino dos Céus é semelhante…», ou seja, a maneira de ser e de agir de Deus é semelhante «a um tesouro escondido num campo… a um negociante que procura pérolas preciosas… a uma rede que, lançada ao mar, apanha toda a espécie de peixes».
A semelhança referida nas parábolas não é propriamente uma tentativa de explicação detalhada de todos os elementos, mas antes uma maneira apaixonada de nos dizer algo que é o mais importante que podemos alcançar na nossa vida. Não há nada igual! É o tesouro mais valioso, a pérola mais preciosa, a rede que recolhe todos os peixes para cumprir a sua missão.
Nas duas primeiras parábolas, ao obter tão grande descoberta, os dois homens foram apressados fazer tudo que estava ao seu alcance para adquirir aquele dom. Não ficaram quietos!
Pode ser uma descoberta ocasional, pode ser fruto de uma constante procura. Em ambos os casos, quem encontra fica de tal modo extasiado que está disposto a pagar qualquer preço. É isso que nos pode acontecer: a experiência do encontro com Deus muda toda a nossa vida.
‘Aprender a orar’ é para nos ajudar a estar atentos ao tesouro que pode surgir de repente no campo da nossa vida. ‘Aprender a orar’ é para nos motivar a procurar sempre, sem desanimar. São duas dimensões fundamentais da vida: a gratuidade do amor que vem ao nosso encontro e o empenho em buscar sempre esse amor.
A oração começa com a disponibilidade em acolher tão grande dom. A primeira atitude, na oração, é a quietude, a serenidade paciente para se deixar envolver pelo amor de Deus. Embora não nos apercebamos, a iniciativa parte sempre de Deus. Entretanto, através da leitura assídua da Bíblia, permitimos que prepare o nosso coração e nele deposite a semente da sua palavra.
Quando esse precioso dom cresce e leveda o nosso ser, ficamos tão contentes que deixamos tudo para permanecer sempre nessa comunhão de amor. Para chegar aqui, não podemos ficar quietos. Só a perseverança nos faz alcançar tamanha alegria.
Perseverança
Rezar não é passar o tempo a ‘pensar’ em Deus. Como se fosse um objeto da nossa dedicação. Isso é idolatria!
A oração é uma questão de amor e adoração. Por isso, provoca em nós uma experiência de despojamento. No início, pode ser muito dolorosa, porque implica deitar fora tantas «coisas velhas», que nos impedem de encher o coração com o tesouro da palavra de Deus. Confronta-nos com o que não está bem na nossa vida, e com a necessidade de conversão. Isto pode levar ao desânimo, ao deixar de rezar para buscar sensações mais prazerosas.
A perseverança faz surgir o dia em que o nosso coração se torna sábio e esclarecido pela presença de Deus que purifica e renova toda a nossa vida.