Pertencemos ao Senhor
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A comunidade cristã toma como fonte inspiradora o comportamento divino: «Não está sempre a repreender, nem guarda ressentimento. Não nos tratou segundo os nossos pecados, nem nos castigou segundo as nossas culpas». É um salto de qualidade que supera a rigidez da justiça humana e a dureza inflexível da vingança para mergulhar na dinâmica do perdão.
‘Pertencemos ao Senhor’
Pelo batismo, cada um é cristão e todos formamos uma comunidade cristã. Por isso, nenhum de nós vive e morre para si mesmo. O nosso horizonte é de vida e de comunidade: vida de ressuscitados e comunidade de Pentecostes.
‘Perdoei-te tudo o que me devias’
O perdão é o tema deste episódio, que completa a reflexão sobre a correção fraterna. Ambos são fundamentais para a união que faz a diferença na vida de um grupo e de uma comunidade.
Os cristãos identificam-se pela capacidade de perdoar e a comunidade dos discípulos presente em cada lugar (paróquia) precisa de viver apoiada na dinâmica do perdão. Aliás, a correção fraterna (lembrada no primeiro ‘episódio’) só é verdadeira à luz do perdão.
No evangelho, para ilustrar o perdão sem limites, o setenta vezes sete, Jesus Cristo conta uma parábola simples e muito sugestiva: ‘perdoei-te tudo o que me devias’. E denuncia um perdoado que é incapaz de perdoar.
Queremos ser perdoados e recusamos aos outros. Queremos que sejam tolerantes connosco e somos exigentes com os demais. Pedimos o perdão divino para as nossas faltas e somos implacáveis, até injustos, perante os erros dos nossos irmãos.
Ao contrário dos que pensam que perdoar é uma fraqueza, o evangelho ensina-nos que é uma demonstração de poder e de liberdade. Não se trata de ser bonzinho (uma maneira de dizer que vale tudo). A generosidade do perdão não anula as injustiças nem as ofensas à dignidade. Mas coloca um travão no ódio e na vingança.
A prática do perdão aproxima-nos de Deus, a quem pertencemos. Só uma comunidade apoiada na dinâmica do perdão consegue estabelecer laços de acolhimento e de concórdia. O testemunho de uma comunidade fraterna e reconciliada é sempre uma luz brilhante e atrativa (cf. EG 100).
Perdoar 70x7
Não há limite para o perdão?! Jesus Cristo diz-nos que não faz sentido fazer contas. A comunidade cristã caracteriza-se pelo perdão mútuo e incondicional.
Perdoar sempre sem se cansar. Perdoar sempre a todas as pessoas e em todas as circunstâncias. Não é fácil! Vale a pena rezar com atenção: «Pai nosso... perdoa-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido».
Perdoar é uma alternativa saudável, é um salto de qualidade na vida pessoal e comunitária. Só o perdão alarga os horizontes da comunidade, torna a vida mais harmoniosa e feliz.
Guarda no coração esta máxima: «Queres ser feliz um momento? Vinga-te! Queres ser feliz sempre? Perdoa!» (Henri Lacordaire).