Primeiro Domingo de Advento, Ano B
28 de Novembro de 2020Os novos céus e a nova terra
3 de Dezembro de 2020Onde há amor, há um olhar! O Advento abre-nos a esse novo olhar, para que o medo dê lugar à alegria. Hoje, mascarados pela pandemia, relembramos que o olhar é agora mais fundamental para o encontro com os outros, e até connosco próprios: «o olhar é essencial para nos lançarmos na aventura da procura de sentido para a vida».
ADVENTO
A espera bíblica, que já teve o seu pleno cumprimento em Jesus Cristo, abre-nos, em cada Advento, à novidade do tempo presente, um presente de graça sempre nova e renovada.
Isaías (no fragmento proposto para o Primeiro Domingo de Advento, Ano B) evoca a presença contínua de Deus: recorda que já ‘desceu’ em outras ocasiões históricas do povo de Israel; e continua a fazê-lo hoje, ‘desce’ à nossa vida.
Deus é o primeiro protagonista, embora se trate dum protagonismo partilhado, pois quis e quer precisar da colaboração humana. Deus quer estar sempre mais próximo da nossa vida; e nada nem ninguém o fará mudar de atitude.
O profeta reconhece a iniciativa divina, primordial e única: «Nunca […] os olhos viram que um Deus, além de Vós, fizesse tanto em favor dos que n’Ele esperam» (Isaías 63, 3).
O Advento anuncia que os factos fundamentais da memória do povo bíblico são de novo atualizados no presente. O Advento desafia-nos a centrar o olhar em tudo o que a caridade divina fez e continua a fazer no mundo, quando as pessoas se deixam guiar pelo Espírito Santo.
Um exercício saudável, para estes dias, é visitar com os olhos do coração o que de belo foi experienciado ao longo do ano; e reconhecer como Deus se fez presente nas vivências concretas, nos instantes sombrios e luminosos de cada dia.
Se acreditamos que somos olhados por Deus com amor, escreveu o cardeal José Tolentino Mendonça (A mística do instante), «então confiaremos também que os seus olhos partem em busca dos nossos». Onde há amor, há um olhar!
Marcel Proust é companheiro de jornada: «A verdadeira viagem de descoberta não consiste em buscar novas paisagens, mas em adquirir um novo olhar». O Advento abre-nos a esse novo olhar, para que o medo dê lugar à alegria.
Hoje, mascarados pela pandemia, relembramos que o olhar é agora mais fundamental para o encontro com os outros, e até connosco próprios: «o olhar é essencial para nos lançarmos na aventura da procura de sentido para a vida» (José Tolentino Mendonça).
Aprendemos a olhar ‘pela primeira vez’ e percebemos a beleza e a cor dos ‘sonhos de Deus’.