Cheio de misericórdia
10 de Junho de 2023Confiança
23 de Junho de 2023DÉCIMO PRIMEIRO DOMINGO, ANO A
Jesus Cristo vê as multidões e não fica indiferente ao rosto das pessoas. Ele sabe ler o coração de cada um, apercebe-se dos nossos cansaços. Ele faz-se próximo, para consolar e até curar. Esta é a missão que confia aos discípulos.
“Está próximo o reino dos céus”
O evangelho segundo Mateus está organizado em cinco grandes discursos. Hoje, iniciamos a leitura do segundo desses discursos, sendo que o primeiro já o escutamos, naqueles domingos entre os tempos litúrgicos do Natal e da Quaresma. Esse primeiro discurso, no alto da montanha, gravita à volta das bem-aventuranças. Agora, no décimo capítulo, estamos a iniciar o discurso missionário: o Mestre chama e envia os discípulos.
Eis o conteúdo fundamental da missão: «Ao ir, proclamai, dizendo que está próximo o reino dos céus». Segue-se o modo visível e concreto da proximidade. Este resumo diz, de outro modo, o que estamos a recordar nesta ‘série’ sobre a essência de Deus e a nossa participação na vida divina. Deus, que é amor, que atravessa o nosso coração com a plenitude do seu amor, chama-nos a levar esta Boa Notícia a todas as pessoas, em especial àquelas que andam «cansadas e abatidas».
Olhar com misericórdia
Há um olhar de misericórdia que nos precede, esta é uma convicção que volta a ser destacada neste episódio. Logo a abrir, o narrador diz-nos que Jesus Cristo, «ao ver as multidões, compadeceu-se profundamente delas», ou seja, olhou-as com misericórdia. Antes de tudo está sempre o amor de Deus. Amor esse que nunca falha, mesmo quando nos afastamos dele ou duvidamos desse eterno amor.
Já é habitual, nos evangelhos, vermos Jesus Cristo atento às pessoas e às suas necessidades mais urgentes. Neste caso, não se trata de uma atenção a algo particular, como a doença ou a fome, mas a um estado geral de cansaço, talvez motivado pelo desencanto ou pela falta de sentido para a vida.
Perante o estado de cansaço e de abatimento das multidões, o Mestre, cheio de compaixão, não reage com uma ação miraculosa, como noutras ocasiões. Desta vez, capacita os discípulos para serem eles a realizar tais ações junto daquelas multidões.
Ser discípulo missionário é mostrar Jesus Cristo hoje presente na nossa vida, é tornar visível o divino olhar compassivo e misericordioso. «É verdade que muitas vezes somos sujeitos a dura prova, mas não deve jamais esmorecer a certeza de que o Senhor nos ama. A sua misericórdia expressa-se também na proximidade, no carinho e no apoio que muitos irmãos e irmãs podem oferecer quando sobrevêm os dias da tristeza e da aflição» (Papa Francisco). O mundo precisa de missionários da misericórdia!