Quinto Domingo da Quaresma, Ano B
20 de Março de 2021Filho de Deus
25 de Março de 2021A humildade não está no assumir o erro, mas vinculada à consciência de que sou criatura finita e, portanto, reconheço que, por mim mesmo, não sou capaz de saber tudo ou ter tudo, como também não sou dono da minha vida. A humildade é um dom que se situa na ordem do ser, porque é essência do humano.
HUMILDADE
Há palavras que, embora tenham significados distintos, em alguns contextos são tomadas como sinónimas. É o que, às vezes, ocorre com os termos humilhação e humildade.
A humildade não corresponde à vontade de se humilhar ou aceitar ser humilhado. Para o crente, é o reconhecimento, diante de Deus, da sua condição de pequenez e fragilidade.
A humildade não está no assumir o erro, mas vinculada à consciência de que sou criatura finita e, portanto, reconheço que, por mim mesmo, não sou capaz de saber tudo ou ter tudo, como também não sou dono da minha vida.
Lembremos a oração de louvor, o Magnificat (Lucas 1, 47-55), que apresenta a humildade de Maria, a sua pequenez, a consciência da ação divina na sua vida: «A minha alma engrandece o Senhor e o meu espírito exulta em Deus, meu Salvador, porque pôs o olhar na humildade da sua serva. Eis que, a partir de agora, me chamarão feliz todas as gerações, porque o Poderoso fez em mim grandes coisas».
A humilhação é do âmbito do perverso, de tudo aquilo que ofende a dignidade humana. É o caso, por exemplo, quando alguém impõe castigos injustos, quando o outro, seja qual for a razão, abusa do seu semelhante.
Clayton M. Christensen refere que, ao contrário dos arrogantes, as pessoas humildes sentem-se bem consigo mesmas, sobressai nelas um «alto nível de autoestima», em sintonia com a mesma plena estima pelos outros.
A humildade não é, portanto, apenas um comportamento, mas um dom que se situa na ordem do ser, porque é essência do humano.
Antes de falar de humildade aos humilhados, o cristão assume-se como voz profética e ativa sempre em defesa da dignidade humana e pelo fim de todas as formas de humilhação.
Quando se aponta o valor intrínseco da humildade (como algo que constitui a essência humana em qualquer circunstância da vida) é fundamental deixar claro que jamais se pode confundir a humildade com a humilhação.
O Salmo 113 (112) confirma que Deus «levanta do pó o indigente e ergue das cinzas o necessitado» (versículo 7). Porque Deus ama os humildes e defende os humilhados.