Preparais a terra
9 de Julho de 2020O serviço da beleza
11 de Julho de 2020DÉCIMO QUINTO DOMINGO, ANO A
O Décimo Quinto Domingo (Ano A) inaugura a primeira das sete parábolas recolhidas no capítulo treze do evangelho segundo Mateus: nos próximos dois domingos são propostas três de cada vez. Nelas, Jesus Cristo dá a conhecer as características do reino dos Céus, o projeto divino para nós e para o mundo.
‘Saiu o semeador a semear’
Hoje, Jesus Cristo fala de Deus como ativo e diligente semeador: «Saiu o semeador a semear».
As aves que comem as sementes, os sítios pedregosos com pouca terra, a falta de raiz consistente, os espinhos que sufocam as sementes, a boa terra, como o Mestre explica, são a forma como acolhemos a palavra de Deus na nossa vida pessoal e comunitária.
Na eucaristia, é lançada a semente nos nossos corações. Nós somos convidados a deixar que produza efeito em nós, que cumpra a sua missão. Além desta escuta, precisamos de continuar a ‘mastigar’ a palavra ao longo da semana, através da leitura individual, e/ou em família, e/ou em pequenos grupos.
Só a releitura pode fazer com que a semente germine e produza abundantes frutos. É um processo lento, paciente, que requer disponibilidade de tempo e de coração. Precisas de entrar no coração, escavar dentro de ti, sem procurar respostas imediatas nem repentinas soluções. Ficar à espera de uma súbita conversão ou de rápidos frutos é a forma mais preguiçosa e também a menos provável de acontecer connosco.
O primado de Deus
O primeiro passo para crescer na oração é perceber e permitir a presença e a ação de Deus em nós e no mundo. Parece tão fácil. E torna-se tão exigente.
Incomoda-nos não ser os protagonistas. Gostamos de controlar tudo, saber o que vai acontecer a seguir, medir todos os pormenores, decidir o rumo, ter o domínio sobre todas as coisas, até sobre a ação divina.
O melhor que podemos fazer é ser permeável à presença e ação de Deus. É dar a Deus autorização para nos amar. E estar desperto para reconhecer as ‘sementes’ lançadas no coração.
Uma oração autêntica é capaz de produzir frutos que nos tornam mais confiantes, mais humildes, mais amorosos, mais pacientes, mais filhos de Deus.
‘Esse dá fruto’
Quais são os obstáculos que, em ti, impedem a palavra de Deus de produzir abundantes frutos?
Muitas considerações podemos fazer com a explicação que é dada pelo próprio Mestre: pensar na superficialidade como acolhemos a palavra ou dar graças pelos pequenos frutos que realiza na nossa vida. Todos podemos ser descuidados em relação à sementeira, como também todos somos capazes de alcançar uma colheita muito além das nossas expectativas ou capacidades.
A parábola nos ajude a perceber que a palavra é poderosa e eficaz, produz uma grande colheita, quando deixamos Deus agir em nós. Os resultados positivos da colheita confirmam a gratuidade e a desproporção do dom divino.
Voltemos a esta parábola, uma e outra vez, ao longo da semana. Deixo um desafio concreto e possível: todos os dias, ler os versículos 1 a 23 do capítulo 13 de Mateus. Só Deus sabe os frutos que podem começar a germinar em ti e à tua volta.