Domingo de Ramos, Ano A
4 de Abril de 2020Anunciar as obras do Senhor
9 de Abril de 2020Nós, cristãos, sabemos o quanto vale a vida aos olhos de Deus, porque, em Jesus, Deus revelou-nos qual é o preço que está disposto a pagar pela vida de cada um de nós. Daí que os cristãos celebrem agradecidos o facto de Cristo, na cruz, ter derramado o seu sangue «por todos», para o perdão de todos os nossos pecados.
PERFUME
Judas Iscariotes, segundo o relato do evangelista Mateus (26, 15), avalia a vida de Jesus Cristo em 30 moedas de prata. Este ‘preço’ é ainda mais ridículo se recordarmos que, poucos dias antes, Judas tinha avaliado em 300 moedas de prata o perfume que Maria, a irmã de Marta e de Lázaro, derramava sobre Jesus (João 12, 5). Era, sem dúvida, um excelente perfume.
Dez homens valem tanto como um frasco de perfume! Ocorreu no tempo de Jesus Cristo. Hoje, quanto vale a vida? Nos nossos dias, a vida de uma pessoa vale em função do rendimento que dela se obtém. Quando já não rende...
Naquele tempo e no nosso, há quem continue a querer atribuir um preço à vida. Quanto vale a vida dos pobres, dos que sofrem, dos doentes desenganados, dos que não produzem? A medida é a produtividade, o dinheiro. Aconteceu, e continua a acontecer.
O salmo 49 deixa claro que não há fortuna suficiente para pagar a vida de um ser humano. Porque a vida não tem preço.
A vida tem dignidade. Vale por si. Todavia, as consequências podem tornar-se comprometedoras, até perigosas. Não falta quem o faça, arriscando-se a, no mínimo, a ser criticado. Ou não são mal vistos aqueles e aquelas que denunciam profeticamente o quanto vale a vida dos pobres, dos famintos, dos doentes, dos abandonados? Porque vale muito, recordam-nos a obrigação de os escutar, ajudar e acolher, mesmo que seja à custa de viver um pouco de forma mais austera.
Para o cristão, a vida, uma vez começada, permanece, ao contrário do que acontece com o perfume, que uma vez usado, evapora.
Nós, cristãos, sabemos o quanto vale a vida aos olhos de Deus, porque, em Jesus, Deus revelou-nos qual é o preço que está disposto a pagar pela vida de cada um de nós. Daí que os cristãos celebrem agradecidos o facto de Cristo, na cruz, ter derramado o seu sangue «por todos», para o perdão de todos os nossos pecados.
Em relação a preços, a vida de Jesus Cristo é o preço da nossa salvação. É o que celebramos na Semana Santa. Sem esquecer que, hoje, podemos encontrá-lo em todos os crucificados da terra, em todos esses cuja vida parece que nada vale, mas continua a não ter preço.