Renovar todas as coisas
9 de Novembro de 2019Palavra de Deus viva e ativa
16 de Novembro de 2019A esperança, nas categorias de risco e de espanto, sustenta o ‘novo começo’ que queremos implementar com o plano de Renovação Inadiável. Ousamos uma ‘primavera’ capaz de «gerar discípulos missionários e comunidades semeadoras de esperança».
ESPERANÇA
No centro do plano pastoral da arquidiocese de Braga está a virtude teologal da esperança. O poema de Charles Péguy, «O pórtico do mistério da segunda virtude», assinala o ponto de partida da reflexão e das dinâmicas desenvolvidas sob o signo da esperança.
O poeta francês revela o paradoxo de uma ‘esperança menina’ que, embora aparenta não ser nada, é capaz de atravessar os mundos e causar espanto até ao ser divino: «A esperança, diz Deus, essa sim causa-me espanto. / Essa sim, é digna de espanto».
A força da esperança é percebida por outro católico francês, Georges Bernanos, como um ato de coragem, um «risco a correr», uma «determinação heroica da alma».
Até aos 68 anos de idade, Jürgen Moltmann pensava a esperança como a virtude que permite ao ser humano «viver no futuro, em expetativas e projetos». Entretanto, descobriu-a como «aquela força vital que permite encontrar num final presente um novo começo».
A esperança, nas categorias de risco e de espanto, sustenta o ‘novo começo’ que queremos implementar com o plano de Renovação Inadiável. Ousamos uma ‘primavera’ capaz de «gerar discípulos missionários e comunidades semeadoras de esperança».
Moltmann lembra que «a esperança cristã não é meramente uma ‘espera’, um ‘aguardar’ passivo, mas uma ‘esperança criativa’ das realidades que Deus prometeu com a ressurreição de Cristo».
Voltamos à «firmíssima esperança» anunciada pelo Ressuscitado: «Eu renovo todas as coisas». Não só aponta a meta última e futura em sentido escatológico, mas também as quotidianas metas de cada presente.
O teólogo da esperança, nessa conversa com o jornalista Eckart Löhr, acrescenta: «Quando num exame perguntamos a um estudante sobre a criação, só lhe ocorre abrir o primeiro livro da Bíblia. Por que é que não abre o último livro desse livro, no qual se fala da nova terra e dos novos céus? ‘Eu renovo todas as coisas’! Estamos presos ao princípio e descuidamos o final».
A esperança alenta a renovação, o novo que surge em cada amanhecer, ou como prefere José Tolentino Mendonça, floresce em cada instante para podermos «experimentar o perfume do eterno».