Aqueles que me amam e guardam os meus mandamentos
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6 de Março de 2021TERCEIRO DOMINGO DA QUARESMA, ANO B
A dinâmica da Aliança continua a fazer progredir a História da Salvação. Depois de Noé e Abraão, eis a Aliança do Sinai. Deus, por Moisés, comunica ao povo palavras de vida, os Dez Mandamentos (o «Decálogo»), orientações essenciais para o caminho da vida.
‘Aqueles que me amam e guardam os meus mandamentos’
Deus dá o primeiro passo, toma a iniciativa sem esperar a correspondência humana. Na verdade, mais do que contrato entre Deus e o povo, precisamos de entender o «Decálogo» como um dom de Deus ao povo. Um dom que também integra a liberdade humana, não como mera relação contratual, mas relação de amor: «aqueles que me amam e guardam os meus mandamentos». É neste pressuposto que assenta a Aliança. Já o vimos, nos episódios anteriores, com Noé e com Abraão.
A Aliança não é um percurso de possessão e apropriação divina sobre o humano. Havemos de o perceber melhor, em próximos episódios, com a Nova e Eterna Aliança em Jesus Cristo: Deus faz-se humano para nos libertar e salvar de tudo o que oprime e torna infelizes.
Todos temos a experiência do pecado. Apercebemo-nos que é fugaz o suposto bem prazeroso oferecido pelo pecado. Quem de nós, após a queda, não sentiu uma enorme deceção e tristeza, um vazio interior ainda maior do que o momentâneo prazer antes obtido?
O texto do livro do Êxodo recorda que a libertação precede a lei: «Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do Egito, dessa casa de escravidão». Os Dez Mandamentos são a resposta amorosa do povo à iniciativa salvífica de Deus. Esta é a experiência que conduz à páscoa judaica (da libertação do Egito) e à nossa páscoa (da libertação do pecado): o encontro salvífico.
Estranham alguns este modo de apresentar o tempo quaresmal. São os que se fixam nos próprios esforços e mortificações, devoções e práticas piedosas… para agradar a Deus!
Esta ‘série’ mostra-nos a Quaresma como itinerário de vivificação, que parte de Deus e não de nós. Deste modo, os sacrifícios e as renúncias assertivas e eficazes não são coisas que eu tenho de fazer para agradar a Deus, antes e sempre aquilo que deixo acontecer em mim pela ação purificadora de Deus. É o querer de Deus para mim e não o que eu quero para Deus.
Os mandamentos não são um jugo de leis caprichosas, mas o modo mais humano e mais pleno de vida. Os mandamentos são um caminho de sabedoria, o sonho de Deus para a Humanidade.
O mandamento
O pulsar do crente bate ao ritmo do coração divino. O Senhor nosso Deus inscreve no coração humano um sonho e um mandamento: o sonho da felicidade; o mandamento do amor.
O projeto de Deus está completo: começa pela libertação, passa pelo trabalho e pelo descanso, culmina na festa. Por outras palavras: Deus projeta para nós uma vida abençoada! Assim podes acolher os preceitos do livro do Êxodo: uma proposta de amor e de fidelidade, de liberdade e de vida.
Deus continua a abençoar a renovação do mundo, do nosso país, do nosso futuro, de toda a realidade. Os mandamentos são a tua resposta ao amor, um guia para a prática da gratidão.