Quando é que tu não rezas
24 de Abril de 2021Pai trabalhador
1 de Maio de 2021Catarina de Sena é um claro exemplo de que quanto mais se está enraizado em Deus, tanto melhor se implica nas coisas do mundo. Uma leva à outra, pois a oração nunca é evasão das nossas responsabilidades políticas, nem a mística um esquecimento das necessidades terrenas.
POLÍTICA
Quando um cristão levanta a voz em questões sociais, de justiça, de solidariedade, de partilha de bens, há sempre quem diga: está a meter-se na política. Pois sim, claro que o cristão tem de se meter na política!
Santa Catarina de Sena, padroeira da Europa, cuja festa se celebra a 29 de abril, foi uma mística que também se meteu na política. Apesar da sua escassa formação académica, falou com sabedoria perante as autoridades e até perante o próprio Papa, diante de políticos e de eclesiásticos, desafiando-os a mudar de atitudes.
«Viajou muito para solicitar a reforma interior da Igreja e para favorecer a paz entre os Estados» (Bento XVI, Audiência Geral de 24 de novembro de 2010). Algo inédito para uma mulher de 25 anos, no século XIV: nasceu em Sena, em 1347, e faleceu em Roma, em 1380.
A vocação orante de Catarina compagina-se perfeitamente com as suas engenhosas maneiras de servir os pobres. Sai à rua para se ocupar dos enfermos com doenças contagiosas que ninguém quer atender e sofrem em solidão.
Quanto mais a jovem Catarina avança na vida do Espírito, tanto mais se compromete com o mundo. Identificada plenamente com os sentimentos de Jesus Cristo, converte-se numa pregadora itinerante e profícua do Evangelho, ao assumir a rua como púlpito.
A contemplação divina só nos pode levar a uma visão mais apurada das misérias e dores humanas. A união com Deus mostra a sua autenticidade no serviço ao próximo. Amor a Deus e amor ao próximo são inseparáveis; um é a melhor prova do outro. A caridade, assegura o Papa Francisco, é o ‘coração’ da política (cf. Carta Encíclica sobre a fraternidade e a amizade social [FT]).
Os cristãos promovem «a política melhor, a política colocada ao serviço do verdadeiro bem comum» (FT 154), de modo que o Evangelho continue a vibrar nas casas e nas praças, nos postos de trabalho e na política (FT 277).
Catarina de Sena é um claro exemplo de que quanto mais se está enraizado em Deus, tanto melhor se implica nas coisas do mundo. Uma leva à outra, pois a oração nunca é evasão das nossas responsabilidades políticas, nem a mística um esquecimento das necessidades terrenas.