Caminhar com Maria
23 de Dezembro de 2023José, o guardião
30 de Dezembro de 2023NATAL, ANO B
Natal é a celebração do amor e da incarnação de Deus, é a celebração da luz e da esperança. Deixemo-nos abraçar por tão grande acontecimento, a presença divina na carne humana, para que seja o Deus connosco a iluminar a nossa vida.
“O Menino deitado na manjedoura”
«Há uma luz que permanece neste nascimento que continua a alimentar a alma e a esperança de tantos homens e mulheres. Desde o início, tudo e todos se encaminharam para o lugar da natividade. […] Certos da novidade de tal anúncio puseram-se a caminho, com o coração aos saltos, livre, expectante... e lá, nesse lugar de luz, onde tudo vive e respira, o seu coração se inclinou de alegria e felicidade» (Mensagem dos bispos de Braga para o ciclo litúrgico Advento-Natal).
O Natal é uma bênção que chega sempre no presente da história, vem iluminar cada situação concreta que estamos a viver, aqui e agora. Enche-nos de alegria e de felicidade, porém, é uma bênção incómoda, porque nos põe em movimento, obriga-nos a enfrentar o frio e a escuridão da noite. Os pastores tiveram de pôr-se a caminho, deixaram os rebanhos e o calor das fogueiras acesas dos seus acampamentos, para verem o que aconteceu e o que o Senhor lhes deu a conhecer.
Eis a nossa missão: pormo-nos a caminho em direção aos presépios de hoje, dispostos a ver o que o Senhor nos dá a conhecer, através do encontro com os irmãos, especialmente, os mais pobres, os que vivem nas periferias da comunidade e da sociedade.
O coração do presépio
Chegamos ao episódio mais especial desta ‘série’ de Advento e Natal: «O meu presépio, sinal admirável». Estamos no coração do presépio, ao deitarmos o Menino na manjedoura, que, em latim, se diz praesepium, donde deriva a palavra presépio.
Há 800 anos, neste dia, as pessoas de Greccio, pela iniciativa de Francisco de Assis, viveram uma «alegria indescritível, como nunca tinham sentido antes», lembrou o Papa Francisco, na Carta Apostólica sobre o significado e o valor do Presépio. Hoje, como naquela noite, a manjedoura, ‘presépio’, torna-se o altar da eucaristia. Hoje, como naquela noite, o presépio somos nós, «todos à volta da gruta e repletos de alegria, sem qualquer distância entre o acontecimento que se realiza e as pessoas que participam no mistério».
Ao contemplarmos o Menino deitado na manjedoura somos surpreendidos pelo modo de agir de Deus ao «adotar os nossos próprios comportamentos: dorme, mama ao peito da mãe, chora e brinca, como todas as crianças. Como sempre, Deus gera perplexidade, é imprevisível, aparece continuamente fora dos nossos esquemas. Assim o Presépio, ao mesmo tempo que nos mostra Deus tal como entrou no mundo, desafia-nos a imaginar a nossa vida inserida na de Deus; convida a tornar-nos seus discípulos, se quisermos alcançar o sentido último da vida».
Na fragilidade de um recém-nascido, «o Menino deitado na manjedoura», humano como nós, como um mendigo, como um migrante, bate à porta do nosso coração. O Deus Menino precisa da manjedoura do nosso coração, para nela fazer a sua habitação.