Anunciar as obras do Senhor
9 de Abril de 2020Sem medo!
11 de Abril de 2020PRIMEIRO DOMINGO DA PÁSCOA, ANO A
A escuridão da morte dá lugar à luz da vida. Vamos «anunciar as obras do Senhor», testemunhar a vitória da Páscoa! É provável que sejam (apenas) pequenos sinais. Mesmo assim, «não sabeis que um pouco de fermento leveda toda a massa?». O anúncio e o testemunho de cada boa notícia é sempre mais contagiante do que qualquer pandemia.
‘Viu e acreditou’
Em geral, os discípulos tiveram uma nota negativa na exigente prova da Paixão, como mostraram os dias da Semana Santa. O evangelista João, diferente dos outros, continua a ratificar a dificuldade: Maria Madalena vai ao sepulcro sem qualquer esperança, apenas movida pela compaixão e pela necessidade de fazer o luto, de tal forma que corre para dizer que o corpo tinha desaparecido; Simão Pedro também corre, apenas para constatar «a pedra retirada do sepulcro… as ligaduras no chão… o sudário enrolado à parte».
Há uma figura que se destaca: «o outro discípulo que Jesus amava». Também corre, mas mais depressa, e chega primeiro. Agora, eis a diferença e a surpresa: «viu e acreditou».
Um personagem mistério, que aparece em momentos cruciais, como modelo do discípulo de todos os tempos, que se atreve a abrir os olhos para contemplar os acontecimentos à luz da fé: «viu e acreditou».
Os preconceitos, a mania de acharmos que já sabemos o que vai acontecer, impede a possibilidade de uma atitude destemida: abrir os olhos para acolher a vida, inteira, com todas as suas potencialidades, nos fracassos e nas vitórias.
Abrir a janela
A luz da fé torna possível rebobinar os acontecimentos e encontrar um novo significado. É a boa notícia: Jesus Cristo, «que passou fazendo o bem e curando a todos», ressuscitou!
A ressurreição, muito além dos limites de qualquer vitória humana, muda tudo, altera a forma como olhamos a nossa existência. Não embarcamos em teorias da conspiração, nem tampouco inventariamos os motivos de tal ‘castigo’ divino. Ainda não percebemos a mensagem da Páscoa? Deus está do lado da vida.
Temos medo. Como os discípulos na prova da Paixão, ficamos isolados e inseguros. Com os ‘olhos fechados’, apenas vemos um vírus capaz de suspender todos os sonhos, capaz de nos roubar a vida.
Então, como o ‘outro discípulo’, na medida em que abrimos os olhos, o risco de ‘abrir a janela’ para acreditar, somos transformados pelo Ressuscitado.
O contágio da boa nova
A Páscoa tudo envolve com uma intensa luz, a começar pelas mulheres, as primeiras discípulas, passando por Pedro, João e todos os outros, por Paulo e pelas primeiras comunidades cristãs, de geração em geração, até ao nosso tempo, até ao fim dos tempos.
«Durante esta semana, far-nos-á bem pegar no Livro do Evangelho e ler os capítulos que falam sobre a Ressurreição de Jesus. Far-nos-á muito bem! Pegai no Livro, procurai os capítulos e lede-os» (Papa Francisco).
Assim fortalecidos, em tempo de grande incerteza, somos desafiados a contaminar toda a gente com a esperança e a alegria dos ressuscitados. Este é o contágio saudável da fé: a boa nova da vitória sobre o medo e a morte!