O cheiro das ovelhas

A evangelização, em qualquer circunstância, permanece a mesma: anunciar a boa notícia de Jesus Cristo. A pastoral não só pode mudar, como precisa de constante renovação. A evangelização contém sempre o mesmo bom odor de Jesus Cristo. A pastoral, porém, assume o cheiro próprio de cada uma das ovelhas.

IGREJA

O Papa Francisco, na Exortação Apostólica sobre a Amazónia, formula o sonho de uma plena encarnação eclesial: «Deve encarnar-se a pregação, deve encarnar-se a espiritualidade, devem encarnar-se as estruturas da Igreja».

O que é dito sobre a Amazónia é aplicável a todos os lugares e/ou contextos de evangelização: «Tudo o que a Igreja oferece deve encarnar-se de maneira original em cada lugar do mundo». O objetivo é que «a Esposa de Cristo adquira rostos multiformes que manifestem melhor a riqueza inesgotável da graça» (número 6).

A diocese e a paróquia hão de buscar dinâmicas pastorais específicas que possam purificar o que está caduco e potenciar o que começa a dar os primeiros passos e promissores frutos.

Quantas vezes ficamos à espera que nos ofereçam receitas e soluções! Na pastoral, os outros podem ser inspiradores; optar pela mera cópia, sendo mais fácil, é, quase sempre, ineficaz.

A evangelização, em qualquer circunstância, permanece a mesma: anunciar a boa notícia de Jesus Cristo. A pastoral não só pode mudar, como precisa de constante renovação.

A evangelização contém sempre o mesmo bom odor de Jesus Cristo. A pastoral, porém, assume o cheiro próprio de cada uma das ovelhas.

Há uma série de linhas pastorais que podem ser consideradas universais, embora, mesmo essas, precisam de ser concretizadas em função das pessoas e dos lugares, por exemplo: criar grupos de partilha da fé; promover a formação de todos; celebrar os sacramentos com alegria; fomentar, em todas as idades, a experiência de encontro pessoal com Jesus Cristo; sensibilizar para o compromisso social em favor dos mais pobres; apresentar a vocação universal à santidade.

Todos estes tópicos pastorais só se tornam reais quando incarnados em cada situação, de acordo com as características específicas de cada paróquia e de cada um dos seus membros.

Quando nos limitamos a uma fé social, quando o único que nos exigimos é assistir à eucaristia dominical, quando nos demitimos de cuidar de todas as pessoas, em especial das mais vulneráveis, quando promovemos uma educação individualista dos mais novos, não há concretização pastoral que produza frutos.