
Curados pelo amor
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Deus toma a iniciativa de fazer uma nova aliança com o povo. Esta nova e eterna aliança é um pacto de amor, para nos convidar a viver profundamente o amor, na relação com Deus, connosco, com os outros e toda a criação.
“Dai-me, Senhor, um coração puro”
O profeta Jeremias anuncia uma nova aliança, agora não será escrita em lajes de pedra ou em tábuas de madeira, não será escrita em folhas de livros, a nova aliança ficará gravada no coração de cada pessoa. Isto é algo diferente: não é uma renovação da antiga aliança, é uma realização inesperada, que jamais pode ser quebrada por qualquer infidelidade humana.
A nova aliança é mais do que um conjunto de normas escritas, que podem apenas ser cumpridas por medo de castigo, ou então, com alguma facilidade, ser esquecidas ou até transgredidas, quando são percebidas como uma obrigação imposta de fora para dentro. Se antes, na aliança estabelecida no monte Sinai, da qual resultou a entrega dos Dez Mandamentos, já se vislumbrava a importância do coração (referida no Terceiro Domingo da Quaresma), agora tudo fica muito mais claro: «Hei de imprimir a minha lei no íntimo da sua alma e gravá-la-ei no seu coração».
Deus cria em nós um coração puro, um espírito novo e generoso, uma alegria capaz de contagiar até quem continua escravo do pecado. Com o salmista, pedimos: «Dai-me, Senhor, um coração puro». Amados e perdoados, desejamos que tal memória agradecida fique para sempre inscrita no íntimo da nossa alma e gravada no nosso coração.
Memória agradecida
Gravada no coração, deixa de ser a proclamação de preceitos a cumprir, a nova aliança é um pacto de amor, que parte de Deus, chega ao nosso coração, para se tornar visível em todas as dimensões da vida. O que se requer é uma nova relação com Deus; e a partir de Deus, uma nova relação connosco, com os outros e com a criação.
Para nós, cristãos, a nova e eterna aliança tem o sabor da misericórdia inaudita de Deus confirmada na morte e ressurreição de Jesus Cristo. Somos purificados e curados pelo fruto do amor dado por inteiro na cruz. Quando nós o reconhecemos, ficamos atraídos por esse amor, que fica gravado no íntimo do nosso ser, para sempre.
«A arte de curar» ensina que a cura fica completa através do encontro íntimo com o amor de Deus que nos salva em Jesus Cristo. É verdade que somos curados pelo amor – repetimo-lo no último ‘episódio’. Contudo, Deus quer ter connosco uma relação consciente. Se, no início, dissemos que é essencial o diagnóstico, saber o que se passa connosco, agora é essencial contar o que está a acontecer. Lembramos, entretanto, que o início da cura começa com uma palavra ouvida no íntimo do coração. A cura consolida-se com uma palavra proferida por nós: «contar como Deus me salvou. Devo saber contá-lo ao Senhor. Chama-se gratidão. Devo saber recordá-lo ao meu coração, devo tê-lo presente e evocá-lo de novo. Chama-se a isso, tomar consciência. No momento oportuno, também devo saber contá-lo a quem me rodeia. É o chamado testemunho» (Fabio Rosini).