Voltar juntos a Jesus, o Cristo
11 de Agosto de 2023Aprofundar o contacto com o eterno
19 de Agosto de 2023VIGÉSIMO DOMINGO, ANO A
O grito desesperado de uma mãe revela-nos o coração humano em busca do verdadeiro rosto de Deus. Apesar do primeiro aparente silêncio, Jesus Cristo garante-nos que Deus jamais fica indiferente ao nosso sofrimento.
"Ó mulher, grande é a tua fé! Faça-se como queres”
O relato do evangelho segundo Mateus, proclamado neste Vigésimo Domingo (Ano A), acentua o diálogo entre Jesus e a mulher que suplica a cura da filha. O silêncio inicial de Jesus, quase a indicar uma tamanha frieza e indiferença, agravado pela dureza das primeiras palavras, chama a atenção e deixa-nos perplexos.
«A identidade rigorosamente judaica de Jesus, o seu forte sentido de pertença ao povo eleito, constitui um obstáculo ao encontro com a mulher, que esbarra com o silêncio de Jesus, com a resposta seca dirigida aos discípulos que se fazem intercessores interessados pela mulher, com a dura resposta dirigida a ela pessoalmente» (Luciano Manicardi). A verdade é que estas atitudes de Jesus não desanimam a mulher!
A mulher continua a gritar e a pedir misericórdia. Acontece, entretanto, uma verdadeira conversão. Desta feita o convertido é Jesus. Porque também a compaixão, a proximidade ao sofrimento do outro, é uma característica constitutiva da identidade divina e humana de Jesus. A compaixão toma a dianteira, a compaixão é muito superior ao facto de pertencer a um povo que se supunha único destinatário dos benefícios divinos.
Jesus, que parecia tão seguro da sua missão, é convertido à universalidade da salvação. Aquela mulher torna-se instrumento de Deus. De repente, Jesus compreende a sua missão a partir de uma nova luz. Aquela mãe, com a sua teimosia, afinal tem razão: «Ó mulher, grande é a tua fé! Faça-se como queres».
Jesus é para todos
Jesus Cristo é Deus connosco, sendo que neste ‘connosco’ estão incluídas todas as pessoas. Esta proximidade torna-se compassiva com os sofrimentos humanos. Deus faz-se próximo de todos e a todos acompanha, mesmo que, segundo a nossa curta visão, sejam apenas algumas ‘migalhas’ de amor. A compaixão face ao sofrimento humano ultrapassa todas as fronteiras.
Qualquer pessoa pode voltar a Jesus, integrar o grupo daqueles e daquelas que querem descobrir a frescura original do Evangelho, «a partir das inquietações, problemas, sofrimentos e esperanças das mulheres e dos homens de hoje» (José Antonio Pagola).
A caminhada proposta nesta ‘série’ — «voltar juntos a Jesus, o Cristo» —, segundo o seu primeiro proponente, pode ser feita por «crentes convictos, pouco crentes e até pessoas que andam à procura e se sentem atraídas por Jesus. Ele está no coração de todos, despertando a nossa fé e o desejo de uma vida mais digna. Podem-no acolher os cristãos convictos e os não praticantes; os simples e os ignorantes; os que se sentem perdidos e os que vivem sem esperança. Jesus é para todos». Se dúvidas houvesse, o evangelho deste domingo dissipa qualquer impedimento e vence todas as barreiras. Agora, talvez seja necessária a minha e a tua conversão ao amor universal de Deus.