O que pedir nas nossas orações
16 de Julho de 2020Deixar-se inspirar pelo Amado
18 de Julho de 2020DÉCIMO SEXTO DOMINGO, ANO A
O ‘episódio’ deste Décimo Sexto Domingo (Ano A) mostra-nos o perigo do discernimento errado ou precipitado: a determinação inicial em arrancar o joio pode levar à destruição do trigo. Uma boa maneira de vencer essa impaciência é invocar o auxílio do Espírito Santo.
‘Os justos brilharão como o sol’
O trigo e o joio não são dois tipos de pessoas, mas duas formas de conduta, que estão (sempre) presentes em cada um de nós. O bem e o mal crescem juntos no nosso coração.
As duas parábolas seguintes confirmam o contraste entre a situação inicial e o resultado final: duas pequenas coisas, o grão de mostarda e o fermento, têm a capacidade de produzir tão grande efeito.
Estas parábolas ajudam-nos a perceber a maneira de ser e de agir de Deus, da qual nos podemos aproximar através do crescimento e amadurecimento na vida espiritual. A meta é uma vida feliz, segundo a expressão poética usada pelo Mestre, na conclusão: ‘os justos brilharão como o sol’.
O brilho do sol simboliza a alegria de uma vida feliz. Para o cristão, ser feliz é viver uma relação íntima de amizade com o Deus de Jesus Cristo. Apliquemos estas propostas à oração.
‘Aprender a orar’ é um itinerário paciente, também com enormes e preciosos frutos na nossa vida. Para crescer na oração, começamos por perceber a importância da atitude paciente e serena: saborear a quietude. A pressa estorva a amizade, também na relação com Deus.
Coloca-te nas mãos de Deus. Deixa-te inundar pela certeza de seres habitado pelo Espírito Santo. Torna-te permeável à presença e à ação de Deus. Permite que Deus lance a ‘semente’ da sua palavra no teu coração.
Invocar o Espírito Santo
A petição é a mais habitual e espontânea forma de rezar, quando estamos nos primeiros degraus da vida espiritual. Dizemos a Deus o que pode ou tem de fazer em nosso favor ou em benefício de outrem.
É legítimo interceder pelas necessidades que nos parecem mais urgentes, as que facilmente somos capazes de percecionar. Há, contudo, o perigo de ficarmos encurralados nas nossas fragilidades. Esquecemos aqueloutra proposta de Jesus Cristo: «seja feita a vossa vontade».
Razão tem Paulo para nos lembrar que «não sabemos o que pedir». Ao invocar o auxílio do Espírito Santo, o nosso coração alarga-se à medida do coração de Deus. E a semente começa a germinar, o fermento começa a levedar.
‘O que pedir nas nossas orações’
A oração autêntica combina a sinceridade das nossas preces com a disponibilidade para acolher tudo quanto o Espírito de Deus nos inspira em cada momento.
O Espírito Santo vem em nossa ajuda. Ele reza connosco. Não atua a partir de fora, como quem corrige uma prece mal feita ou aponta um comportamento errado. Ele habita em nós e orienta os desejos do nosso coração para nos configurar à vontade divina.
Não conseguimos rezar bem, disse o cardeal Martini, porque temos a presunção de já saber rezar: «Não conseguimos rezar bem porque, logo à partida, temos a presunção de saber rezar; deveríamos começar sempre por confessar: ‘Senhor, não sei rezar; eu sei que não sei rezar’. É já uma oração, pois recorremos ao Espírito Santo a quem devemos sempre invocar».
Guardemos este segredo: quando reconhecemos a nossa incapacidade ou mesmo a nossa impossibilidade é quando o sol começa a brilhar no nosso coração.
O desafio desta semana consiste em repetir ao longo de cada dia: «Espírito Santo, vem em auxílio da minha fraqueza, ensina-me a rezar, a pedir o que me convém segundo a vontade do Pai. Vem, Espírito Santo, intercede por mim».