Viver de maneira digna do Evangelho
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19 de Setembro de 2020VIGÉSIMO QUINTO DOMINGO, ANO A
Deus toma a iniciativa de vir ao nosso encontro e a todos oferecer o seu amor. Ele quer-nos assim, à sua imagem e semelhança, sempre disponíveis para amar e perdoar. Por isso, continua «a contratar trabalhadores para a sua vinha: [...] Ide vós também para a minha vinha».
‘Mandou-os para a sua vinha’
O centro da parábola está no ser e agir de Deus que quer inspirar a nossa vivência pessoal e comunitária. Os critérios de política social e de justiça distributiva não são a chave de leitura desta parábola.
Ainda que, para muitos, seja estranho, Deus não nos trata segundo a lógica da produtividade do trabalho, mas insiste sempre numa nova oportunidade. Dos primeiros aos últimos, o objetivo é o mesmo: ‘mandou-os para a sua vinha’.
A gratuidade revoluciona os nossos estilos de vida, em especial os que apenas se centram em obter mais lucros, em ter mais dinheiro. Jesus Cristo destaca a bondade e a generosidade, a partilha e a fraternidade. Nobres princípios para a comunidade cristã!
O final parece inesperado. Mas a verdade é que os critérios não são desajustados. Até são do nosso agrado, quando nos situamos do lado dos beneficiados, os que são contratados em ‘último’ lugar, no final do dia. O problema é quando estamos entre os ‘primeiros’: ficamos incomodados com a generosidade. O que é que te sugere a maneira de ser e de agir de Deus?
O nosso suposto prejuízo, segundo a lógica da justa retribuição conforme o trabalho de cada um, esquece a gratuidade e a partilha e centra-se na inveja e na murmuração. Tal e qual como os primeiros contratados da parábola!
Inveja e murmuração
A inveja e a murmuração destroem a comunidade. São uma janela aberta para a entrada do mal, uma barreira ao amor e ao perdão. São um veneno que divide a comunidade. O Papa Francisco não se cansa de alertar para estes dois grandes males pessoais e comunitários.
A pessoa invejosa é amarga: não sabe cantar, não sabe louvar; não conhece a alegria, pois está sempre mais fixa nos dons e nas capacidades dos outros do que na sua própria vida. É um semeador da amargura em toda a comunidade. Porque quando uma pessoa não tolera que outra tenha algo que ela não tem, tenta ‘rebaixá-la’, fala mal dela, usa a arte destruidora da coscuvilhice.
Tudo isto não é viver de maneira digna do Evangelho!
‘Viver de maneira digna do Evangelho’
Jesus Cristo faz-nos ver a vida de um modo diferente. A proposta é aproximar-nos do estilo divino, quer converter os nossos olhares e os nossos corações para acolher os pensamentos e os caminhos de Deus.
A Carta aos Filipenses diz-nos que, ao agir de acordo com a lógica de Deus, começamos a ‘viver de maneira digna do Evangelho de Cristo’.
A misericórdia e a bondade, como vimos nos dois primeiros episódios desta ‘série’ (‘A união faz a diferença’), não se opõem à justiça, mas superam-na com a dinâmica do amor. O Mestre volta a mostrar que não é para fazer contas, mas para dar um salto de qualidade, em busca da verdadeira fraternidade. Será possível esta prática no quotidiano da nossa comunidade?