Trigésimo Quarto Domingo, Ano A
20 de Novembro de 2020Utopia ou compromisso?
24 de Novembro de 2020O que distingue o sábio é a inteligência sensata, ou seja, o sábio é aquele que faz o discernimento na hora de pôr em prática os seus conhecimentos. Hoje, tempos de incerteza, mais precisamos de governantes e pastores com «um coração sábio e esclarecido», que, além de inteligentes (conhecimento), sejam sensatos (comportamento).
SABEDORIA
«Dou-te um coração sábio e esclarecido», relata o Primeiro Livro dos Reis (capítulo 3, versículos 5 a 12), é a resposta de Deus à súplica de Salomão que, para saber governar o povo e distinguir o bem do mal, pede um «coração inteligente», a verdadeira sabedoria.
A etimologia da ‘sabedoria’ leva-nos ao encontro do termo latino ‘sapere’, útil para nos ajudar a compreender a riqueza desta palavra. Em latim, ‘sapere’ designa ‘saber’ (entender, compreender), mas também se pode aplicar como ‘sabor’ (gosto). Não é de estranhar, por exemplo, que usemos a expressão ‘sabe-me bem’ para descrever o sabor de uma refeição.
O sábio, tendo em conta este proximidade de vocábulos, pode ser apresentado como alguém inteligente e dotado de bom gosto.
A experiência mostra que é possível ser inteligente, conhecer muitas coisas, e fazer um mau uso dessa sabedoria, recorrer aos conhecimentos adquiridos para praticar o mal.
O ser humano sonha e procura tesouros fabulosos. Estes são sinónimo de garantia na vida, abundância para não precisar de (mais) nada. A verdadeira riqueza, porém, segundo a tradição bíblica, está relacionada com a sabedoria e o discernimento, capacidades sempre unidas à escuta e ao acolhimento da palavra divina.
A sabedoria não é determinada apenas pelo saber, ter muitos conhecimentos, mas pelo comportamento, isto é, pelo saber comportar-se, adotar, em todas as dimensões, uma vida saudável. Do mesmo modo, a estupidez não significa falta de saber, mas um desadequado comportamento. A sabedoria, portanto, é a perfeita união entre o conhecimento e o comportamento.
O que distingue o sábio é a inteligência sensata, ou seja, o sábio é aquele que faz o discernimento na hora de pôr em prática os seus conhecimentos.
O governo do povo e a distinção entre o bem e o mal estão unidos pelo discernimento de um «coração inteligente». É esse o pedido de Salomão; e é esse o dom que lhe é dado por Deus: «um coração sábio e esclarecido».
Hoje, tempos de incerteza, mais precisamos de governantes e pastores com «um coração sábio e esclarecido», que, além de inteligentes (conhecimento), sejam sensatos (comportamento).